Livro lança olhar histórico sobre consumo de moda

Flávia Ivo
fivo@hojeemdia.com.br
28/05/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:44

Surgidos no fim do século 19 e início do século 20, os comércios precursores das lojas de departamentos e a evolução desses magazines são parte fundamental da estruturação do sistema de moda repleto de signos e significados como conhecemos hoje. 

O debate aprofundado sobre a influência desse momento da história nos dias atuais e outras discussões sobre o tema estão no livro “Os caminhos do sistema de moda: os diálogos com a arte e seus disfarces” (Editora LiberArs, 181 páginas, R$ 66), de autoria da professora universitária das áreas de design e moda Patrícia Helena Soares Fonseca.

O conteúdo é o resultado da tese de doutorado da autora, concluído em 2013. Como o documento rendeu bons elogios da banca examinadora, foi natural a decisão de publicar. Patrícia Fonseca/Divulgação / N/A

“A arte traz renovação e reconfigura paradigmas”

“Acho que é uma contribuição válida. A pesquisa foi extensa e há uma interdisciplinaridade de conteúdo que nem sempre encontramos em textos sobre moda”, destaca Patrícia Fonseca.

Tecnologia

Em meados do século 19, a Segunda Revolução Industrial permitiu que a moda saísse dos ateliês dos grandes designers e ganhasse as ruas por meio das chamadas exposições universais, ocorridas na Europa. A primeira aconteceu em 1851, na Inglaterra.

Nesses locais, eram expostas diversas novidades tecnológicas. Na moda, formas de tingimento de tecidos com produtos artificiais e o lançamento do tear mecânico, por exemplo, colaboraram para que novos artefatos substituíssem “itens raros e fora do alcance popular” e democratizassem o vestir, descreve Patrícia em um dos capítulos da obra.

O processo favoreceu a abertura de magazines como a londrina Selfridge’s, em 1909, cuja história foi retratada recentemente em uma série de TV.

“As primeiras lojas de departamento fundaram a maneira como o varejo expõe seus produtos, como lida com o público, a maneira como compramos e como desejamos os produtos. Elas nos ensinaram a consumir, nos moldaram enquanto público consumidor”, observa a pesquisadora. 

Criação

Outro ponto da pesquisa, que também tem grande destaque no livro, explora a influência da esfera artística na renovação constante do mercado da moda. 

“A arte fornece o insumo criativo, o respiro. Profissionais de moda sofrem muita pressão: precisam apresentar novidades continuamente, precisam ter sucesso de vendas. A arte traz um hiato no meio desta pressão. Grandes designers de moda preferem circular mais no meio da arte que no meio da moda”, coloca Patrícia Fonseca.

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