Dó, ré, mi profissional: curso no Sebrae e coaching podem ser a diferença entre sucesso e anonimato

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
01/12/2016 às 13:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:54

Esqueça a imagem de músicos amadores fechando shows em cima da hora, improvisando no palco e revertendo o cachê em cerveja. Tocar na noite pode ser o principal ganha-pão de artistas, desde que o hobby seja encarado com mais profissionalismo. Gestão da carreira e das finanças são apenas duas das habilidades essenciais para quem deseja transformar o dom de fazer arte em negócio rentável. E para quem não tem ideia de por onde começar, boa notícia: tem até curso. 

Em Belo Horizonte, o Programa do Sebrae de Soluções Estratégicas para o Segmento da Música oferece todos os anos até 15 vagas. “A pessoa deve responder: o que quero, quem eu sou, qual é o perfil do meu público? Só assim vai conseguir mapear onde pode tocar, para onde irá direcionar a divulgação do trabalho e com quem fechará parcerias”, detalha a gestora do programa, Raquel Vilarino. 

É possível que um mesmo profissional seja músico, produtor e empresário ao mesmo tempo? Sem problemas, frisa a consultora. Caso do violeiro e compositor Chico Lobo, que coleciona atividades: dois programas, de TV e rádio, uma produtora, os shows, oficinas e palestras que ministra e um instituto cultural por meio do qual promove atividades gratuitas. Para ele, a diversificação é questão de sobrevivência. “Entre janeiro e março não fiz nenhum show. Em situações como essa, se a pessoa não tem um plano B, definitivamente não consegue viver”. Flávio TavaresMULTITAREFA - Chico Lobo administra estúdio ao lado da mulher, Ângela

Planejamento é fundamental para encarar períodos de vacas magras, reforça o músico, que há 23 anos vive única e exclusivamente do próprio talento musical. “Não dá para contar com a sorte”. 

Para a master coach Alessandra Smaniotto, do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), o plano de negócios está para a saúde do empreendimento como a setlist está para o sucesso de um show. “Muitas vezes o artista tenta sozinho, mas não sai do lugar. São pessoas criativas e visionárias, mas deficientes em trabalhar com a razão e a lógica”. 

Curso no Sebrae dura nove meses e custa R$ 1.500. O próximo módulo está previsto para março de 2017. Informações pelo e-mail: raquel.reis@sebraemg.com.br. 

Músicos carecem de foco e um bom plano de negócios 

Estar atento às novidades do meio artístico, às necessidades do consumidor e saber identificar e “vender” o próprio talento podem fazer a diferença entre sucesso e anonimato.

"Geralmente, eles (os músicos) começam em bar, em coral de igreja, tornam-se donos de uma voz maravilhosa e de um talento extraordinário, mas carecem de foco e de um planejamento adequado que os faça conhecidos”, observa a master coach Alessandra Smaniotto, do IBC. 
Recém-chegado da quinta temporada do The Voice Brasil, o cantor Felipe de Oliveira, de 23 anos, ainda engatinha na carreira. Formado em cinema, dançarino de flamenco e amante da fotografia, Felipe tem consciência de que se quiser chegar longe terá que compartilhar conhecimento. “Uma coisa é ter postura empreendedora, outra é partilhar habilidades. Sei que, apesar da minha habilidade em produção, meu ideal é cantar. Por isso, quanto mais pessoas para somar, melhor”. 

O compositor carioca e coach artístico Maurício Gaetani delimita até onde o artista pode ir sozinho. “Considero empreendedor aquele que tem um olhar profissional para o que está acontecendo no mercado, para que tipo de música está tocando e o que as pessoas estão procurando. O artista precisa ter isso dentro de si ou alguém que possa ajudá-lo”. 

Por muitos anos, o músico e empresário Léo Moraes, de 45 anos, dedicou-se às ciências exatas, diariamente, em um escritório próprio de arquitetura. Após amadurecer a ideia, engavetou o diploma para levar a sério o que até então era hobby. Há 14 anos, o vocalista da banda belo-horizontina Valsa Binária e sócio-proprietário do estúdio Pato Multimídia e da casa de shows A Autêntica, em BH, vive de música. A saída para driblar as dificuldades foi a profissionalização. “Se alguém quer levá-la a sério é realmente muito bom profissionalizar-se antes. Fiz curso de gestão de carreira para ter base mais sólida e profissional”. Lucas Prates

ANTES E DEPOIS – Léo Moraes viu as portas se abrirem após curso de gestão

Modelo ideal de negócios

Um modelo de negócios descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma empresa. Segundo pesquisadores, um modelo ideal deve conter nove elementos básicos que cobrem as quatro principais áreas de um negócio: clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira.

-Segmentos de clientes (público, corporativo)
-Proposta de valor (artístico)
-Canais (físicos e digitais)
-Relacionamento com clientes (redes sociais)
-Fontes de receita (cachê, patrocínio)
-Recursos principais (equipe, equipamento)
-Atividades-chave (pré-produção, produção, 
pós-produção)
-Parcerias principais (agentes, fornecedores)
-Estrutura de custoEditoria de Arte

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