'Manual' para pegar mentiroso: olhar, ansiedade e gagueira ajudam a desmarcar o Pinóquio

Da Redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
01/04/2017 às 09:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:58

Desviar o olhar antes de responder algo, se atrapalhar com os detalhes de alguma história ou exagerar num relato são indicativos de que alguém está lhe contando uma mentira. A regra, claro, tem exceção, mas como hoje é o dia oficial da “pegadinha”, prestar atenção aos sinais emitidos por quem está à sua volta pode funcionar como um escudo contra lorotas. 

Ferramentas para ajudar a detectar um mentiroso – e que vão além do polígrafo – foram popularizadas por seriados policiais americanos, como o Lie To Me, em que um detetive desvenda crimes analisando micro-expressões faciais e o comportamento dos suspeitos.

Disposto a aprender as técnicas, o especialista em crimes digitais Wanderson Castilho fez as malas com destino aos Estados Unidos. Único brasileiro certificado pelo Behavior Analysis Training Institute (Instituto de Treinamento em Análise de Comportamento, em tradução livre), ele diz que a prática o ajuda em pelo menos 80% dos casos de fraudes ou crimes cibernéticos que investiga.

A expertise em detecção de balelas lhe rendeu o livro “Mentira: um rosto de muita faces”, lançado em 2016. Nele, Wanderson conta como aplica a técnica no trabalho. Em alguns casos, as descobertas vão além da própria fraude, rendendo histórias curiosas.

“Uma vez, ao perguntar à funcionária de uma empresa sobre um colega de trabalho, ela mentiu. Aquilo não tinha relação com a fraude, mas com o relacionamento entre os dois. Eram amantes”, conta.

PADRÃO
“A mentira se adapta a cada pessoa”, afirma Castilho. Significa que para pegar o Pinóquio no pulo, é preciso descobrir, antes, o padrão daquele indivíduo para alardear as próprias invencionices. 

“Com perguntas básicas, com relação ao dia ou à cor favorita, por exemplo, consigo definir como determinada pessoa reage ao falar a verdade. Qualquer coisa que fuja disso pode indicar uma mentira”, explica.

Apesar disso, alguns comportamentos são comuns a vários mentirosos. “Em geral, espera-se que a pessoa que mente dê sinais de ansiedade, como gaguejar, desviar o olhar ou mesmo tentar enfatizar pontos do relato”, afirma Alex Machado, professor do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares.

Mas não é apenas o corpo que pode denunciar uma mentira, então é bom tomar cuidado ao ler ou sair escrevendo lorotas por aí. Histórias reais costumam seguir um padrão organizado, já as falsas são mais confusas, com detalhes exagerados e pouco importantes. 

“Textos verdadeiros costumam ter 30% de introdução, 50% de desenvolvimento e 20% na parte final. Essa matemática muda completamente em um relato criado”, explica Wanderson.

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