Apoio da população contribui com o trabalho policial e reduz índice de violência

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
28/11/2016 às 18:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:51

A movimentação de carros e pessoas em atitude suspeita é imediatamente comunicada à Polícia Militar. Também são informados à corporação casos de ameaças, desentendimentos e agressões nas ruas e no ambiente familiar. Assim que a mensagem chega ao telefone celular dentro da viatura, é verificada a necessidade da abordagem.

“Quanto menor a cidade, maior é o apoio dos moradores ao trabalho da polícia, uma vez que todo mundo se conhece” (Islande Batista, especialista em segurança pública)

Por meio dessa parceria, crimes estão sendo frustrados em Baldim. A rede de proteção, com a participação de moradores e comerciantes, é uma das armas do tenente Marcelo Luiz Arthuzo, comandante do destacamento da PM na pequena cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que tem cerca de 9 mil habitantes.

“Eles são nossas câmeras vivas, que nos abastecem de informações por meio de um grupo no WhatsApp. Têm sido muito importantes no combate à criminalidade”, comemora o policial. Como publicado pelo  Hoje em Dia na edição desta segunda-feira (28), Baldim é uma das três cidades da RMBH sem registros de homicídios em 2016 (as outras são Itaguara e Nova União).

A participação comunitária no Conselho Municipal de Segurança Pública (Consep), em reuniões semanais, também permite que a PM tenha uma gestão mais eficiente, de acordo com o oficial. Uma das contribuições dos conselheiros é apontar áreas mais vulneráveis à violência, para que sejam traçadas medidas preventivas e repressivas.

Resposta

De acordo com Islande Batista, especialista em segurança pública, os índices de criminalidade são menores nos municípios mineiros onde as forças policiais contam com o apoio da população.

“Onde os Conseps ou as associações comunitárias atuam junto com a polícia, a resposta é mais rápida e eficiente. A comunidade precisa ter mais confiança. Não adianta apenas o policial querer se aproximar. A população precisa abrir as portas”, destaca.

Por isso, quando assumiu o comando em Baldim, em agosto de 2015, reativar o Consep foi uma das primeiras medidas do tenente Arthuzo. “Além de nos ajudar no planejamento, com o apoio do Consep estamos fazendo a reforma do nosso quartel e fomos contemplados com uma viatura nova”, diz.Flávio Tavares

FALTA APROXIMAÇÃO – Em Jaboticatubas, a polícia não conta com o apoio do Consep e o delegado Rafael Salim lamenta o distanciamento da comunidade

Outra realidade

A 41 quilômetros de Baldim, Jaboticatubas tem uma realidade muito diferente. De janeiro a outubro deste ano, oito pessoas foram assassinadas no município, o dobro em relação ao mesmo período de 2015. Foi o maior crescimento percentual entre as 34 cidades da RMBH.

De acordo com o delegado Rafael Salim, não há Consep em Jaboticatubas, onde moram quase 20 mil pessoas. “Infelizmente, existe um distanciamento da população em relação ao trabalho policial”, lamenta.

A maior parte dos homicídios foi registrada no distrito de São José de Almeida. “O único braço do Estado com atuação lá é a polícia. Há ligação clandestina de água e luz, falta escola, e tudo isso reflete no papel social para combater a violência”, diz o inspetor Laudo Monteiro.

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