Temer encara a primeira crise e tenta aprovar hoje nova meta fiscal

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
Publicado em 23/05/2016 às 20:44.Atualizado em 16/11/2021 às 03:34.
 (Agência Brasil)
(Agência Brasil)

Para garantir a aprovação da nova meta fiscal para o ano de 2016, que prevê um rombo de R$ 170,5 bilhões, o presidente interino Michel Temer (PMDB) decidiu que a permanência do senador Romero Jucá (PMDB) no Ministério do Planejamento se tornou insustentável, apenas 12 dias após a sua posse. Ontem à tarde, depois da divulgação do áudio em que articula para atrapalhar e interromper as investigações da operação “Lava Jato”, o peemedebista anunciou que iria se licenciar do cargo até que as investigações estejam concluídas. 

Se Jucá não tivesse caído, a situação poderia ser outra, já que deputados e senadores aliados se mostraram indignados com o escândalo e dispostos a pressionar pela saída dele. A conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, realizada em março deste ano, foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo.


Além do receio de que o escândalo poderia atrapalhar o começo do governo, a pressão de apoiadores do governo Temer, como o senador Ronaldo Caiado, do Democratas, foi determinante para a queda de Jucá. Na Câmara são 28 deputados e no Senado quatro parlamentares.

Credibilidade

O deputado federal Júlio Delgado (PSB) se posicionou favoravelmente à saída de Jucá. “A primeira medida para nós fazermos parte deste governo é a apuração de tudo que tem a ver com a “Lava Jato” e ele (Jucá) tira a credibilidade do governo”, argumentou. Já o PSDB, que não quis compor o governo oficialmente, mas cedeu quadros e apresentou uma série de medidas que deveriam ser adotadas por Temer para ter o apoio da legenda no Congresso, adotou uma posição neutra ontem.

O deputado federal tucano Domingos Sávio avalia que seria precipitado condenar Jucá. “Eu escutei a entrevista coletiva dele, e depois reli a transcrição da gravação. Realmente, dá margem para duas interpretações”, afirmou Domingos, referindo-se ao argumento de Jucá. O ministro licenciado afirmou que não se referia à “Lava Jato” quando falou em “estancar a sangria”, mas sim à sangria na economia.

“O que nos motiva a apoiar o governo é o compromisso com mudanças não só na economia como na política. Um dos primeiros itens é apoio absoluto à operação “Lava Jato” e a continuidade de toda a ação de combate à corrupção. Estamos tratando de analisar com a devida cautela”, afirmou. Domingos defendeu a prioridade nas investigações relativas a pessoas que ocupam cargos públicos, sejam eletivos ou não.
 

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