Mobilidade Urbana

BHTrans espera recurso para ampliar rede de ciclovias em Belo Horizonte

Clara Mariz
@clara_mariz
19/02/2022 às 16:05.
Atualizado em 20/02/2022 às 11:20
 (Wilson Doas/Agência Brasil)

(Wilson Doas/Agência Brasil)

A BHTrans, empresa que gerencia todo o planejamento e execução das políticas de mobilidade e trânsito de Belo Horizonte vai fazer uma consulta à prefeitura da capital para saber a disponibilidade de recursos destinados à implantação de novas ciclovias e ciclofaixas.

Atualmente, a cidade possui cerca de 114km da via destinada aos ciclistas. A expansão mais recente foram 30 km que funcionariam temporariamente durante a pandemia e foram incorporados em definitivo à malha já existente.

Para a coordenadora de sustentabilidade e meio ambiente da BHTrans, Eveline Trevisan, do ponto de vista de execução de obras, a cidade avançou muito pouco. Em 2017, o executivo municipal promoveu encontros para ouvir as demandas dos usuários de bicicletas como meio de transporte. E isso foi muito positivo para o planejamento da mobilidade urbana.

“Durante os dois anos de pandemia, fizemos obras para interligar os trechos de ciclovias já existente a novos trechos de ciclofaixas. Nós conectamos a região Leste e Oeste à área Central. Meu sonho é que a gente consiga chegar aos 1000 km até 2030, como previsto no plano de mobilidade municipal”. 

Em 2021, a PBH avançou no desenvolvimento de mais de 80 km de projetos de ciclovia. Mas a BHTrans ainda espera o recurso para que as obras sejam iniciadas. “Assim que tivermos a resposta da prefeitura quanto ao valor que será aplicado neste ponto da mobilidade urbana, nós começaremos as obras”, afirmou Trevisan.

O analista de sistemas, Hélio de Sousa Lima Filho, de 43 anos, afirma que em Belo Horizonte não adianta quantidade de ciclovias e ciclofaixas. É preciso, na opinião do biker, fazer um planejamento que explore o que a cidade pode oferecer de melhor para quem usa a bicicleta como transporte diário.

“Precisam usar o que BH tem de capacidade. Se nós pensarmos que toda avenida e rua que foi construída acima de rios são planas, todas elas deveriam ter um ciclovia. O que falta não é quantidade, e sim qualidade e planejamento”, diz. 

Hélio pedala há nove anos e conta orgulhoso que usa a bicicleta como meio de transporte. E diz que o levou a adotar esse hábito foi o estresse. “Eu ia para o serviço de carro e comecei a ficar muito estressado com o trânsito, aí eu comecei a usar transporte público e com pouco tempo comecei a ter o mesmo problema. Eu decidi ir duas vezes na semana de bicicleta, aí eu ia parte do trajeto de bike e a outra metade de metrô”, lembra. 

Topografia 

O perfil da Serra do Curral que emoldura o horizonte da nossa cidade já revela os desafios da topografia para os ciclistas. Porém, para Hélio, com os modelos de bicicletas que são vendidos atualmente, o relevo de BH acaba não sendo um grande problema. “A única região que eu avalio que é complicado de andar de bike é o Buritis, porque nas outras nós temos as grandes avenidas que são vias planas”, avalia. 

De acordo com o analista, o transporte ativo de bicicleta é atrapalhado pelo descaso dos outros motoristas. "Nosso maior problema é esse conceito de que BH não é para bicicleta, por conta da quantidade de morros. Porém, o maior problema para o transporte ativo, em si, é a falta de respeito e conscientização de que aquela pessoa que está de bike faz parte do trânsito. De uma forma geral, os motoristas não respeitam”, lamenta Hélio. 

A coordenadora de sustentabilidade e meio ambiente da BHTrans afirma que, perante o Código Brasileiro de Trânsito, as bicicletas são consideradas meios de transporte. Por isso, continua Eveline Trevisan, os ciclistas devem, portanto, respeitar a mesma legislação a que estão sujeitos os motoristas de veículos automotores.

“Os ciclistas devem se lembrar de nunca andar no sentido contrário aos carros. A prioridade é sempre do mais vulnerável, então, nesse caso, os pedestres devem ter preferência. Além disso, as pessoas devem se lembrar de ocupar sempre um terço da faixa, permanecer mais à direita e sempre sinalizar para os demais motoristas a intenção de fazer a conversão ou não”, explica  Eveline.

Saúde 

Segundo o cardiologista e médico do esporte, Marconi Gomes, a mobilidade urbana ativa, seja a pé ou por bicicleta, permite que a pessoa tenha um hábito de atividade física de forma regular. “Não é sistemático, como uma academia, mas hoje se sabe que mesmo exercícios de intensidade leve afetam a sobrevida e possuem os mesmo benefícios”, orienta o médico.

Para quem quer começar a usar a bike como meio de transporte do médico recomenda que faça um teste no fim de semana pelo percurso que será feito. “Se você sabe bem o trajeto que você vai fazer, é importante que faça alguns testes durante o fim de semana para descobrir os melhores caminhos. É sempre importante se lembrar que no dia a dia você vai ter que compartilhar o espaço com carros. Busque vias que você consiga ser visto”. 

Confira as ciclovias ativas em BH

 (Arte / Hoje em Dia)

(Arte / Hoje em Dia)

* Correçção em 20/02 - A BHtrans vai fazer a consulta à PBH e realizou obras de ampliação do sistema de ciclovias durante a pandemia

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