Organização das Nações Unidas defende ações que contribuam para que população tenha acesso diário a alimentos nutritivos (Sumy Sadurni / FAO / Divulgação)
Você aproveita tudo o que tem na mesa ou acaba jogando comida no lixo?
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a agência especializada do Sistema ONU que trabalha no combate à fome e à pobreza, o mundo desperdiça 570 milhões de toneladas de alimentos só no ambiente doméstico.
No mundo, a média é de 74 kg de alimentos jogados fora por pessoa e, no Brasil, este número é de 60 kg por ano .
De acordo com Melissa Luciana de Araújo, professora de Nutrição das faculdades Promove e Keneddy, muito disso se deve a erros na hora da compra e preparo dos produtos. “É muito comum adquirir ou cozinhar uma quantidade maior do que será consumido. Este erro no cálculo acaba fomentando o desperdício”, explica.
Saiba como armazenar corretamente os alimentos
Outro erro é no armazenamento de produtos frescos ou já preparados. “O ideal é que esse tipo de alimento fique nos locais mais frios da geladeira, como as prateleiras mais altas e as gavetas", ensina.
De acordo com a professora, é preciso ter um cuidado especial com as carnes cruas, que não devem ficar mais de três dias na geladeira. Já o armazenamento de legumes crus não deve passar de cinco dias. " Também é recomendado higienizar, secar e deixar as folhas em vasilhas tampadas assim que chegarem das compras. Evite deixar esses produtos em sacolas”, orienta.
Cascas, talos e sementes
Para evitar o desperdício, e matar a fome, também é recomendável utilizar partes que geralmente jogamos fora, como cascas, talos e sementes.
“Prefira consumir as frutas com a casca e tente incorporar aquilo que seria descartado em receitas, como bolos e sucos. Assar a casca da abóbora e suas sementes, por exemplo, é uma ótima alternativa de consumo”, ressalta a especialista.
"Muito do desperdício se deve a erros na hora da compra e preparo dos produtos", afirma Melissa (Vinícius Leão)
Para aqueles alimentos que já apresentam algumas partes começando a estragar, o ideal é não consumir. “O consumidor não consegue avaliar se esse estrago foi causado por algum microorganismo que vai liberar substâncias tóxicas."
A professora de Nutrição orienta que, nesses casos, é melhor descartar o alimento, para evitar o risco de intoxicações alimentares mais graves. "O ideal é prevenir para não estragar e, consequentemente, não desperdiçar”, diz.
O que fazer com as sobras?
Já as sobras de comida pronta podem ser consumidas, desde que o armazenamento tenha sido adequado. “Após o preparo, não deixe muito tempo fora da geladeira. Guarde em vasilhas devidamente tampadas para preservar sua qualidade. Depois disso, uma dica é utilizar em outros preparos, como tortas, bolinhos, sopas e farofas.”
Segundo a especialista, neste cenário de perda de poder de compra, “todas essas medidas vão ajudar a população a gastar menos com a nossa alimentação”.
Porém, esse tema não pode ser relevante só em momentos de crise. “Precisamos nos educar cada vez mais. O desperdício gera danos ambientais e as boas práticas são importantes em qualquer momento”, aponta. Melissa Luciana de Araújo afirma que o poder público também tem importante papel educativo na sociedade.
Podcast ensina receitas e como aproveitar os alimentos
A Coordenação de Mobilização e Educação para o Consumo Alimentar da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ligada ao Centro de Referência da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional, desenvolve diversas ações para orientar sobre o assunto, como um programa de podcast e um livro digital com receitas ensinando a utilizar cascas, talos, sementes e outras “sobras”.
Para Renata Lima Pereira, nutricionista da PBH, é fundamental que a população se eduque para saber como aproveitar o alimento como um todo. “Por exemplo, dependendo da folha a ser utilizada, pode ser que precise de um pré-preparo para deixá-la própria para o consumo. Deixar de molho, ferver ou secar, por exemplo, para diminuir ou eliminar alguma substância."
Mas ela alerta:"A maioria dos alimentos pode ser aproveitado, mas a busca pela informação é importante para não consumir um produto tóxico.”
Além de alimentar o corpo, essa mudança na mentalidade pode gerar renda. “Além das possibilidades das receitas, podemos agregar um valor específico aos produtos. Muitas pessoas que estão preocupadas com as questões de sustentabilidade do meio ambiente buscam por produtos diferenciados e que valorizem estes aspectos, sendo um ótimo mercado”, diz.
Receita
Arroz enriquecido
Arroz com casca e talos é saboroso e nutritivo (Divulgação)
Ingredientes:
● 1 xícara (chá) de arroz
● 1 colher (sobremesa) de óleo
● Casca de abóbora ralada
● Talos de verduras bem lavados e picados (couve, brócolis, espinafre, mostarda, taioba etc)
● Sal e tempero a gosto
Modo de preparo:
Refogar o arroz no óleo. Acrescentar o tempero, os talos e a casca da abóbora. Colocar água fervendo o suficiente para cozinhar o arroz. Se preferir, pode refogar os talos à parte e misturar ao arroz já cozido.
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