Demorou, mas o grupo Petronas finalmente está “botando as manguinhas de fora” na América Latina. Em 2008, após ter comprado a FL do Brasil, agora Petronas Lubricants International (PLI), ele hibernou, ficou só estudando o mercado. Mas, em 2012, com um plano de investimentos de R$ 300 milhões, que vai até 2017 e visa aumento de produção e novos produtos, o grupo decidiu que era hora de sair da letargia.
Para tanto, assumiu de vez a direção e contratou uma equipe de 40 engenheiros, químicos e outros profissionais, como os da área de marketing, além de ter ido buscar Guilherme de Paula, ex-vice-presidente comercial da Shell, para ser o CEO na América Latina. “O Petronas não ia ficar marcando passo na região”, diz de Paula. Não mesmo. Afinal, trata-se do sexto grupo petrolífero do mundo.
No mercado brasileiro há uma miríade de marcas de óleo automotivo: 150, quase todas com participação residual. O mercado brasileiro de lubrificantes é de 1,2 bilhão de litros/ano. Deles, 850 milhões são de lubrificantes automotivos – a líder, com 20% de share, é a Petrobras.
Sem bandeira
O Petronas já tem 10,4% (produziu 128,5 milhões de litros em 2012; em 2013 a meta é 202 milhões) e quer mais. “Temos grandes ambições, mesmo não tendo, no Brasil e na América Latina, postos de combustíveis com a nossa bandeira”, diz de Paula. No mundo, o grupo opera 3.000 deles.
O mercado brasileiro de óleos automotivos cresce que é uma beleza: cerca de 4% ao ano. Nele, graças a um contrato de fornecimento para os carros zero quilômetro da Fiat, o Petronas está bem posicionada.
Mas os motores de caminhões, tratores, ônibus e motos também usam óleos. A intenção da empresa pode ser ajudada ainda pelo fato de que os contratos com montadoras são globais. O Petronas fornecia para a Mercedes Benz em outros países. Por isso, o grupo não teve dificuldades para se tornar fornecedor dela por aqui (a Mafra, fabricante de motocicletas, é outro cliente).
Mais montadoras vão chegar e a empresa quer conquistá-las. “Temos um laboratório capaz de desenvolver óleo para qualquer segmento de mercado”, afirma de Paula. “Fabricamos uma base sintética de novíssima geração. Para ter ideia da sua modernidade, todos os óleos automotivos são dourados. O nosso, o Etro, é branco. Ele tem viscosidade baixíssima, quase igual à da água e é para motores de altíssima performance”.
Indústrias
Fora isso, o Petronas, que já tem cerca de 700 produtos e 1.500 itens à venda, tem também toda uma gama de novos clientes a conquistar em grandes frotistas e, ainda, em supermercados, redes de troca, postos de bandeira branca e outros clientes.
É o caso das indústrias, que consomem 280 milhões de litros/ano (há ainda os óleos marítimos). “Afinal de contas, toda máquina tem de usar lubrificantes”, lembra de Paula. Nessa área, até o ano passado, a empresa, que exporta para 16 países, não atuava.
Por isso o investimento no reforço da equipe de marketing (o grupo, patrocinador da F-1 e da Stock Car, vai passar a investir na mídia). Elas vão atrás das indústrias oferecendo serviços que o laboratório pode prestar, além de produtos e treinamento. “Um caminhão fora de estrada, por exemplo, custa centenas de milhares de dólares. As mineradoras não podem descuidar do motor. Nós desenvolvemos óleos para estes motores que ajudam na manutenção preditiva. Da mesma maneira para as indústrias”, diz de Paula.