Camelôs voltam a explorar as calçadas da capital mineira

Izabela Ventura - Do Hoje em Dia
19/02/2013 às 06:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:07
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Ao escutar alguém gritar a palavra “atividade” em algum ponto movimentado do Centro de Belo Horizonte, é melhor se afastar. Trata-se de um aviso a camelôs sobre a presença de fiscais da prefeitura e, o que está por vir, é o corre-corre de vendedores ambulantes fugindo com suas mercadorias. Dez anos depois do remanejamento desses trabalhadores informais para shoppings populares, eles voltam a ganhar as ruas da cidade.

Esse tipo de camelô, chamado também de “torero” – por vender os produtos “na tora” –, foi retirado das calçadas da cidade a partir de agosto de 2003, com a implantação do shopping Oiapoque. Em janeiro de 2004, entrou em vigor um novo Código de Posturas do Município, que proibiu definitivamente o comércio informal em logradouros públicos.

Porém, no decorrer dos anos, muitos voltaram às ruas por não conseguirem o mesmo rendimento em ambiente fechado. É possível encontrar camelôs, principalmente, no entorno desses shoppings populares. A prefeitura não tem estimativa de quantos ainda atuam.

Shirley Maria dos Reis Pereira, de 55 anos, vende bichos de pelúcia eletrônicos na passarela próxima ao terminal rodoviário, a um quarteirão do Oiapoque. Ela chegou a alugar um box no shopping Caetés, mas não teve condições de pagar o aluguel.

Shirley trabalha no Centro de BH desde os 12 anos e conta que criou os filhos com a renda como camelô. Hoje, ela ganha cerca de R$ 30 por dia. “Isso quando os fiscais me dão tempo para ganhar dinheiro”, diz ela. Antes do Código de Posturas, afirma a vendedora ambulante, era bem mais simples trabalhar. “Deixava meus bebês dentro de caixas, ao meu lado, porque não tinha com quem deixá-los. Agora, crio meus netos com dificuldade”.

Oportuno

Edvaldo Dias Lima, de 48 anos, afirma que passou a lucrar mais depois do remanejamento, por causa da queda na concorrência nas ruas. Ele vende bijuterias artesanais na rua Oiapoque, em frente ao shopping, mas também percorre bares e as proximidades do Parque Municipal em busca de clientes. “Nos shoppings populares, eu não ia ter capital de giro, por ter que arcar com as despesas do local”, ressalta. “Difícil é correr dos fiscais”.

A ambulante I.F., que vende CDs falsificados no shopping Tupinambás, paga, com dificuldade, R$ 1 mil de aluguel e condomínio. “Vendo menos aqui do que quando ficava na rua.á, era o lugar do povão”.

Segundo a administração do Tupinambás, o aluguel varia de R$ 341 a R$ 800, e o condomínio, cuja taxa não é fixa, custa cerca de R$ 240. No Oiapoque, o aluguel parte de R$ 500, mas, como não há mais boxes vagos, é preciso negociar com os donos. O condomínio é R$ 400.

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