Com a morte de árvores protegidas, meta é plantar novas espécies em Belo Horizonte

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
04/09/2016 às 20:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:41
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Para simbolizar o nacionalismo relacionado à Assembleia Legislativa de Minas, um pau-brasil foi plantado em 1998 no jardim do parlamento mineiro, no largo das Bandeiras. Tombado pelo Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, é protegido de cortes. Porém, não sobreviveu à ação do tempo e terá de ser removido.

“Um agrônomo está analisando o que causou a morte do pau-brasil. Há cinco meses a árvore está com as folhas secas. Será substituída por outra com o mesmo porte”, afirma o jardineiro Anderson dos Santos.

Além do pau-brasil, BH tem, no papel, outras cinco árvores tombadas pelo patrimônio. Dessas, porém, duas já foram suprimidas, uma caiu e as duas restantes sumiram do mapa. A frondosa paineira da rua Bernardo Guimarães, no bairro Santo Agostinho (Centro-Sul), assim como a copaíba da rua Itaguaí, no Caiçara (Noroeste), foram vítimas de pragas e tiveram de ser cortadas.

No papel, a metrópole mineira tem seis árvores com registro de tombamento municipal

Na avenida Guaicuí, no Luxemburgo (Centro-Sul), um jequitibá caiu em 2010. No Centro, não há nenhuma placa indicando onde fica o ipê-branco da Afonso Pena nem o jambo-do-pará da rua Espírito Santo.

Replantio
O diretor de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura, Carlos Henrique Bicalho, afirma que a meta é fazer o replantio. A substituição, no entanto, não será necessariamente pela mesma espécie que morreu. Ele destaca que o tombamento de árvores se diferencia do de imóveis exatamente por haver o conhecimento de que o ser vivo é perecível.

As árvores tombadas, ressalta Bicalho, têm valor de referência, se tornando elementos que norteiam as pessoas. Na avaliação do arquiteto e urbanista Flávio Carsalade, as substituições daquelas que morreram não interferem na preservação da paisagem.

“Todo patrimônio está sujeito a mudanças, sobretudo os bens naturais. Mas é possível fazer transformações mantendo a paisagem de um lugar significativo para a cidade. Esse é o sentido do tombamento”, diz Carsalade, que é da UFMG.

Desconhecimento
Bióloga e professora aposentada da Faculdade de Educação da UFMG, Mônica Meyer lamenta a morte do pau-brasil da praça da Assembleia. Para a especialista, embora torne as árvores imunes aos cortes, o tombamento não é suficiente para garantir a preservação.

“É preciso promover o conhecimento sobre o sentido da preservação do nosso patrimônio natural. O brasileiro sequer sabe identificar a árvore símbolo do nosso país. Portanto, ela pode ter a vida encurtada por algum descuido”, diz.

Tentativa de minimizar impacto frustrada na Bernardo Monteiro

A morte dos fícus da avenida Bernardo Monteiro, no bairro Santa Efigênia, região Leste, também foi um duro golpe para o patrimônio cultural de BH. As árvores foram parcialmente suprimidas após serem atacadas pela mosca-branca.

Como experiência, foram plantados no corredor urbano dois novos exemplares de fícus. Segundo Carlos Henrique Bicalho, diretor de patrimônio da Fundação Municipal de Cultura, eles foram imediatamente devorados pela mesma praga, atraída pela “seiva nova” das plantas.

Por causa disso, foi descartado o replantio da mesma espécie na Bernardo Monteiro. O novo projeto paisagístico da avenida será definido por meio de concurso público. Bicalho informa que serão plantadas espécies de grande porte para garantir o mesmo sombreamento da arborização antiga, um dos bens tombados pelo patrimônio municipal.

Praças apadrinhadas
Dezoito praças da capital, incluindo as áreas verdes, são tombadas: 14 na região Centro-Sul e o restante na Leste. Todas ficam dentro dos limites da avenida do Contorno, no núcleo histórico da capital. O apadrinhamento dessas praças pela iniciativa privada são fundamentais para garantir a preservação do patrimônio, ressalta Bicalho.

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