DIA INTERNACIONAL DELAS

Com coragem, determinação e competência, mulheres avançam em profissões dominadas por homens

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
Publicado em 08/03/2022 às 07:30.
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

Flores, cartas e postagens nas redes sociais são homenagens comuns no Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira (8). Mas, além das importantes manifestações de carinho, o público feminino busca reconhecimento pelo papel que ocupa na sociedade. Cada vez mais, elas são referência em áreas profissionais antes dominadas por homens, mesmo com desafios e desigualdades que ainda persistem no mercado de trabalho.

Para celebrar a data, o Hoje em Dia conta a história de pioneiras nos cargos que ocupam. Com coragem e determinação, abriram caminho para que outras mulheres se destaquem mesmo com pouca representatividade.

No Corpo de Bombeiros apenas 10% dos militares são do sexo feminino. As tenentes Geani Barbosa Freitas e Laura Zaidan, por exemplo, são pilotos de helicóptero - apenas quatro mulheres têm o cargo.

Laura conta que foi na Secretaria de Estado de Saúde que conheceu sua maior inspiração, a major Karla Lessa, primeira piloto dos Bombeiros no Brasil. A oficial atuou no socorro às vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. O helicóptero dela foi o primeiro a chegar no local da tragédia.

“Ela foi o maior exemplo, foi o que me despertou a vontade de seguir a carreira. Ver o brilho no olho dela com a aviação foi minha maior inspiração”, lembra a tenente.

Já Geani é natural de Uberaba, no Triângulo. Ela ingressou na corporação em 2014. Casada e mãe de uma menina de 7 anos na época, teve que tomar uma decisão que iria separá-la da família. Para fazer o Curso de Formação de Oficiais, na capital, precisou ficar longe da filha por três anos. A criança ficou com o pai, a 500 km de BH.

Atualmente, Geani faz o curso de formação de piloto de helicóptero, que pode durar de três a seis anos, até que sejam concluídas as 500 horas de voo exigidas.

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)


Inovação e pioneirismo

Em um mercado cada vez mais competitivo, inovar é palavra-chave para se destacar. E, nesse quesito, as mulheres também mostram força. Uma pesquisa do Sebrae-MG, feita em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, aponta que, durante a pandemia, foi o público feminino que mais adotou inovações nas empresas.

Que o diga Samilla Dornellas, de 30 anos, co-fundadora e CEO da Far.me, primeiro serviço de assinatura de medicamentos e cuidado farmacêutico do Brasil. Graduada em Farmácia, ela e outras duas sócias fundaram a empresa em 2018.

Uma delas trabalhava em uma instituição de saúde e identificou a necessidade de organizar, de forma mais prática, os medicamentos para pacientes com doenças crônicas ou que fazem uso de medicação contínua. 

Após anos de pesquisa e investimento em softwares, as empreendedoras se espelharam em modelos do exterior para chegar ao formato atual.

“É uma caixa que organiza a medicação de acordo com a prescrição médica. Ela vem com o nome do paciente, o dia, horário e tem toda uma questão de segurança e de assertividade. A ideia é trazer praticidade e simplicidade para as pessoas", descreve Samilla. Em 2020 e 2021 a empresa cresceu 420%.

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

Capacitação e reconhecimento

Operar grandes equipamentos sempre foi uma tarefa que remete ao público masculino. Rogéria Carneiro, de 40 anos, é exceção. Técnica projetista de sistema autônomos, ela opera de forma remota um caminhão off-road gigante da Vale, na mina Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, região Central de Minas.

Com capacidade para transportar 240 toneladas de minério de ferro, o veículo possui sensores que mapeiam e identificam relevo, objetos e pessoas. Rogéria é a profissional que traça a rota e o percurso do caminhão, controlado por computador, GPS e inteligência artificial.

Funcionária da Vale desde 2005, ela passou por um treinamento de nove meses para ser selecionada na função. No início, sentiu o desafio, mas hoje se destaca. "Tive medo de não atender as expectativas”.

De acordo com Vale, em 2020, somente 16% do quadro da mineradora eram compostos por mulheres. “Eu me sinto orgulhosa de ser a primeira e única mulher a exercer essa função. Sou muito feliz com o trabalho que desenvolvo e amo o que eu faço".

(Divulgação / Vale)

(Divulgação / Vale)

'Espaço da mulher'

Dividir a rotina familiar com o trabalho não é tarefa fácil. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que as horas dedicadas aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, no caso das mulheres mineiras, representam o dobro do tempo destinado pelos homens. Semanalmente, a média delas é de 23 horas, enquanto a deles, onze.

"A mulher tem que mostrar que ela pode e que ela tem competência. É preciso se enxergar, posicionar-se e mostrar que nós pertencemos a essa socieade", afirma a especialista em marketing do Sebrae-MH, Marina Moura.

O IBGE também mostrou que as mulheres se destacam nos indicadores de educação. No entanto, ter mais qualificação não significa mais reconhecimento. A remuneração ainda é inferior na maioria dos casos.

De acordo com o analista do IBGE em Minas, Alexandre de Lima, a partir da análise dos resultados é possível estabelecer uma agenda pública que coloque a igualdade de gênero como eixo na formulação de políticas públicas. No entanto, ele destaca que o papel da sociedade, com mais conscientização, também é importante.

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