Pandemia

Comitê popular diz que PBH se 'precipitou' ao desobrigar uso de máscaras e cita 'negacionismo'

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
03/06/2022 às 18:41.
Atualizado em 03/06/2022 às 19:00

Integrantes do Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte afirmaram, nesta sexta-feira (3), que a Prefeitura se precipitou ao desobrigar o uso de máscaras em lugares fechados. A flexibilização entrou em vigor no fim de abril. Desde então, a capital mineira registra aumento de casos da doença.

Na avaliação dos especialistas, a PBH falhou em relação à orientação da população. "Foi precipitado. Se a comunicação não for bem feita, ela é entendida como se a pandemia estivesse acabado. Aí que faltou comunicação. É ensinar as pessoas a flexibilizar com consciência", afirmou o infectologista Carlos Starling.

Os integrantes também criticaram o fato de a Prefeitura ter reduzido as informações contidas no Boletim Epidemiológico, divulgado duas vezes por semana, como velocidade de transmissão da Covid e números de internações. "Isso é um tipo de negacionismo. Quando você sonega informação para a população, não é acidental. É negacionismo", comentou o especialista.

O infectologista afirmou que o objetivo do comitê popular é fazer um trabalho "sinérgico" ao da PBH. Ainda segundo Starling, não houve contato com a Prefeitura desde o encerramento do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, no fim de março.

Outro integrante do comitê popular, o infectologista Unaí Tupinambás também reclamou que o boletim divulgado pela PBH com dados da Covid-19 "empobreceu muito". Ele disse que a população já estava habituada a acompanhar as métricas de monitoramento, como os níveis de internação e velocidade de transmissão da doença.

Máscaras no inverno
De acordo com os especialistas, o uso de máscaras em lugares fechados é necessário, pelo menos, até o fim do inverno. "Quando entrar setembro, pode ser que mudemos o cenário, mas é necessário manter o uso do item (proteção) até lá", reforçou Unaí Tupinambás.

Para Carlos Starling, a Prefeitura deveria, inclusive, retornar com a obrigatoriedade. "Se as pessoas não entenderem por orientação, por sugestão, tem que ser obrigatório. Costumo dizer que, o que é óbvio, não precisa ser obrigatório. É óbvio que as pessoas devem voltar a usar máscaras em lugares fechados", completou o especialista.

Comitê popular 
O comitê recém-criado em BH conta com os três infectologistas – Carlos Starling, Unaí Tupinambás e Estêvão Urbano – que fizeram parte do grupo que aconselhou a PBH por dois anos, durante a pandemia, na gestão do ex-secretário municipal de Saúde, Jackson Machado.

O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 foi extinto no fim de março deste ano, quando assumiu a pasta a nova secretária, Cláudia Navarro.

O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, disse que "monitora diariamente a situação da Covid-19 na cidade e que disponibiliza o boletim epidemiológico duas vezes por semana, às terças e sextas-feiras". 

"Caso seja necessário, e com base em dados epidemiológicos e evidência científicas, medidas poderão ser prontamente adotadas", afirmou a PBH, que também cita que foi publicada uma portaria nesta sexta-feira recomendado o uso de máscara em "diversas situações". "No momento, estão mantidas as regras publicadas", completou a nota.

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