Infraero fica

Comunidade se mobiliza e Aeroporto do Carlos Prates ganha uma sobrevida até de dezembro

Luciane Amaral
lamaral@hojeemdia.com.br
28/04/2022 às 19:05.
Atualizado em 28/04/2022 às 19:31
 (Estevan Velasquez)

(Estevan Velasquez)

Com 78 anos de operação, o Aeroporto Carlos Prates, iria encerrar as atividades no dia 1 de maio. Mas uma portaria publicada nesta quinta-feira (28) no Diário Oficial da União garantiu o funcionamento até o dia 31 de dezembro.

O primeiro aeroporto da capital iniciou suas atividades em janeiro de 1944, para atender o Aeroclube do Estado de Minas Gerais, criado oito anos antes, com a finalidade principal de formar quadros para a Aviação Civil e Militar, no Aeroporto da Pampulha. Na época, a região ainda era praticamente deserta. Dez anos depois começou a ocupação urbana. 

Pela localização considerada estratégica pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), instituição pública que administra os principais aeroportos brasileiros, o aeroporto é um dos principais apoios à aviação executiva.

E tem a ação voltada especialmente para a formação de pilotos, aviação desportiva e de pequeno porte, instrução e construção de aeronaves e é sede de diversas empresas de manutenção e escolas de aviação. 

(Estevan Velasquez)

(Estevan Velasquez)

Atualmente, cinco escolas de aviação operam no aeroporto. Por ano, são mais de 70 mil pousos e decolagens - quase 6 mil por mês. 

É no Aeroporto de Belo Horizonte – Carlos Prates onde que são formados os pilotos de helicóptero da Polícia Militar de Minas Gerais – e de vários outros estados –, da Polícia Federal e do Bombeiro Militar do estado, além de empresas civis. E também é a base de operação das aeronaves usadas no combate a incêndios florestais.

Aeronaves usadas no combate a incêndios florestais são baseadas no Carlos Prates (Estevan Velasquez)

Aeronaves usadas no combate a incêndios florestais são baseadas no Carlos Prates (Estevan Velasquez)

O nome foi uma homenagem a um engenheiro da prefeitura que assinou a planta do loteamento do bairro, onde se localiza o aeroporto. Com uma área de 547 mil metros², três pátios para aeronaves, terminal de passageiros, capacidade para receber 700 mil passageiros por ano, segundo a Infraero, o aeroporto tem apenas uma pista de 928m x 18m, para aviões de pequeno porte.

Quinze empresas atuam no aeroporto, além das escolas, há oficinas, venda de peças, hangaragem, administração de aeronaves. Em 2019, quando surgiram as primeiras notícias da desativação do aeroporto, os concessionários, pilotos, alunos, professores, donos de avião criaram uma associação para defender a operação do aeroporto.

A Associação Voa Prates vem se mobilizando para evitar o fim das operações. Segundo o presidente da entidade, Estevan Velasquez, o prejuízo seria enorme, já que o Carlos Prates é o segundo aeroporto do estado em número de pousos e decolagens. “São mais de 200 empregos diretos gerados; cerca de 120 aviões que não terão mais espaço para ficar e 25 mil passageiros transportados por ano que não terão mais acesso ao serviço” - afirma.

São empresários, médicos e advogados que usam o aeroporto para se deslocar a trabalho em aviões pequenos que vão a destinos que não são atendidos por voos comerciais. E há muitos aviões que são compartilhados para dividir custos.

Desde sua criação, 85 mil pilotos se formaram no Carlos Prates. São mais de mil alunos por ano, 60% deles atendidos pelo Fies, que se tornam pilotos ou mecânicos especializados. E com o fim da operação, o estado perderia o segundo maior centro de formação de pilotos do país, explica o presidente da Voa Prates.

Em dezembro, o governo federal chegou a anunciar que venderia a área 547 mil metros², para desespero das escolas de pilotos que funcionam no local. O terreno da União seria destinado, por exemplo, a empreendimentos imobiliários. E os recursos seriam destinados à implantação da linha 2 do metrô em BH.

Na época, o então vice-prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), disse, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que a PBH tinha interesse em assumir o Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da capital mineira. Mas nada se concretizou.

A portaria 459 do Ministério da Infraestrutura revoga a atribuição à Infraero de administração do Aeroporto Carlos Prates a partir de 1º de janeiro de 2023. E o prazo, até lá, deverá ser “utilizado para a realização do processo de transferência da exploração aeroportuária.” - cita o texto oficial.

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que aguarda decisão do Governo Federal em relação ao pedido de outorga de exploração do Aeroporto Carlos Prates, feita em 23 de novembro de 2021, para que possa realizar uma destinação adequada que atenda o Município.

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