Conselho Municipal de Saúde recomenda ampliação do monitoramento do carrapato estrela em BH

Da Redação
07/10/2016 às 17:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:08

Belo Horizonte deve realizar o monitoramento do carrapato estrela em outras áreas além da Pampulha e capacitar profissionais da saúde para identificar a febre maculosa. O objetivo é evitar casos como o de Thales Martins Cruz, menino de 10 anos que contraiu a doença e morreu após frequentar o Parque Ecológico da Pampulha, na capital mineira.

Essas recomendações foram feitas pelo Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH), após Plenária Ordinária realizada em sua sede na última quinta-feira (6). O encontro que reuniu representantes da Secretaria Municipal de Meio ambiente (SMMA-BH),  Secretaria Municipal de Saúde (SMSA-BH), Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais teve como proposta possibilitar aos conselheiros e a população o entendimento das diferentes visões sobre a relação das capivaras com a febre maculosa.

Durante a reunião, Saulo Henrique Ataíde, chefe de gabinete da SMMA-BH, informou que a secretaria, junto com o IBAMA e outras entidades, montou um grupo de trabalho para discutir a situação das capivaras na Região da Pampulha, o manejo dos animais e ações para o combate do carrapato. Marcos Mendes, chefe de gabinete da SMSA-BH, pontuou que os cavalos também são hospedeiros, e que a prefeitura de Belo Horizonte já desenvolveu um projeto para retirar as carroças de circulação para evitar a proliferação, mas não houve êxito por resistência dos carroceiros.

Já o professor do UFV Tarcísio Antônio Rêgo de Paula, contou que Viçosa já teve experiência de alta incidência de carrapatos em capivaras e conseguiu conter a doença. “É preciso fazer o controle de natalidade das capivaras, para reduzir a quantidade de replicadores da doença. Mas não se deve matar ou remover todas, ou estaríamos causando um desequilíbrio ambiental. Os animais acabariam, mas os carrapatos ficariam e procurariam o mamífero mais próximo, que seria o ser humano, cachorros, e a situação seria pior.”

Eduardo Viana, gerente de controle de zoonoses da SMSA-BH, explicou sobre o plano de ação do município, que conta com a capacitação de agentes para o enfrentamento e controle da febre, aumento da divulgação dos perigos e cuidados principalmente nas áreas de risco, trabalho informativo em escolas municipais e constante estudo com outros órgãos. “Belo Horizonte já conta com um calendário especifico, três vezes ao ano são feitos monitoramentos de áreas determinadas. Desde 2014 esse trabalho já é rotina, e temos buscado parcerias com outras instituições.”

Ao término da plenária foram definidas também outras recomendações, como plano de manejo sem que aja a retirada e extermínio das capivaras da lagoa e solicitação da participação da sociedade civil, do conselho e da universidade de Viçosa no grupo de trabalho da Secretaria de Meio Ambiente.
 

Histórico


Em setembro de 2014, a prefeitura capturou 52 capivaras que viviam na orla da Lagoa da Pampulha. Elas ficaram confinadas no Parque Ecológico da Pampulha e, segundo a prefeitura, receberam vermifugação, atendimento veterinário e alimentação.Durante esse período, exames apontaram a contaminação de parte delas com a bactéria transmissora da febre maculosa. Trinta e oito morreram. 

Em março de 2015, o Ibama notificou a prefeitura para que os animais fossem soltos, alegando que o prazo para manutenção em cativeiro havia terminado, que não havia um plano de manejo elaborado e que os animais recolhidos sofriam maus-tratos. Por decisão da Justiça Federal em Belo Horizonte, as capivaras foram soltas.

Na época, 14 e não apresentavam carrapato portador da bactéria de febre maculosa. De lá pra cá, as ações da prefeitura foram baseadas mais em orientações à população. Segundo a secretaria Municipal de saúde, quatro casos de febre maculosa em residentes foram confirmadas na cidade. A última foi no dia 2 de setembro. Thales Thales Martins Cruz, de 10 anos.

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