Apesar de a Associação de Moradores do Mangabeiras, em Belo Horizonte, se mobilizar contra a expansão do prédio do Instituto Hilton Rocha, há muitos residentes do bairro que apoiam o empreendimento. O espaço, que passará a ser gerido pelo grupo Oncomed, vai abrigar um centro de tratamento de câncer.

Para o bancário aposentado Carlos Rafael de Almeida, de 62 anos, o Hilton Rocha está subutilizado, quando poderia ser mais um local para o tratamento de doenças graves. Desde 2009, o hospital, especializado em oftalmologia, funciona com 5% da capacidade.

O administrador e produtor rural Júlio Lender, de 50 anos, compartilha a opinião de Carlos. “Gosto da ideia. Seria mais um serviço para a população”.

O servidor público Walter Evangelista, de 48 anos, concorda com as obras, mas lembra que o processo deve ser cuidadoso. “O lugar tem uma beleza natural incontestável e não pode perder as características que atraem turistas”.

Favorável

O projeto de expansão do Instituto Hilton Rocha já foi aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte e tem parecer favorável do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Fundação Biodiversitas. A previsão é a de construir 220 leitos, incluindo 16 de CTI, e cerca de 300 vagas de estacionamento subterrâneo.

A ampliação, porém, depende da aprovação de um projeto na Câmara de Vereadores para flexibilizar a Lei de Uso e Ocupação do Solo, permitindo a construção e ampliação de hospitais – não somente do Hilton Rocha. Dos 26 hospitais da capital interessados em aumentar suas dependências, 18 têm projetos finalizados, mas aguardam a boa vontade da Câmara.

A maioria dos vereadores já se posicionou favorável à flexibilização da Lei de Uso e Ocupação do Solo (veja quadro ao lado). O projeto autoriza ampliações apenas em instituições hospitalares, não abrindo brechas para outros tipos de empreendimento. Belo Horizonte tem um déficit de 3.075 leitos, segundo a Associação dos Hospitais de Minas Gerais (AHMG).

Silêncio

A Associação de Moradores do Bairro Mangabeiras informou, por e-mail, que não se manifestaria sobre o assunto. A entidade chegou a formalizar uma denúncia contra a expansão do Hilton Rocha, no Ministério Público Estadual (MPE), mas o documento acabou arquivado por falta de consistência.

A proposta de flexibilização tramita na Comissão de Legislação e Justiça da Câmara. A promessa da presidência da Casa é dar celeridade ao processo.

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