(Marcelo Prates/Hoje em Dia)
Nesta quarta-feira, o experiente meia Ramon Menezes, aos 40 anos, vai começar uma nova empreitada na carreira com a camisa da pequena Cabofriense, que disputa a segunda divisão do Campeonato Carioca. Com contrato de um ano, o jogador não quer nem saber de parar, só pensa em levar seu novo time de volta à elite do futebol regional.
Sempre calmo, dentro e fora de campo, Ramon foi maestro, mas também goleador de grandes equipes, com destaque para o Vasco campeão brasileiro e da Libertadores no biênio 1997-98 e chegou à Seleção Brasileira na Copa das Confederações de 2001, com o técnico Emerson
Leão.
Inquieto, o jogador rodou o Brasil e também conheceu o futebol alemão, o japonês e o árabe, acumulando passagens por Cruzeiro, Bahia, Vitória, Bayer Leverkusen, Vasco, Atlético, Verdy Tóquio, Fluminense, Botafogo, Al Gharafa (CAT), Atlético-PR, Joinville e Caxias.
Em entrevista à "GazetaEsportiva.net", Ramon revelou os motivos de escolher a Cabofriense, falou sobre os grandes momentos de sua carreira e sobre a Seleção Brasileira e as chances que não teve com a amarelinha.
Você teve contato de alguns times no início deste ano e acabou escolhendo a Cabofriense, por que a escolha? Algum motivo especial?
Eles têm um grande projeto, contratando grandes jogadores como o Leandro, ex-Cruzeiro e Vitória, o que me atraiu. Além disso, me propuseram um contrato de um ano, assim eu tenho tempo de trabalhar e conhecer o jeito deles de trabalhar, posso fazer mais por eles.
E qual é o seu objetivo pessoal na Cabofriense? Já pensa em parar quando este contrato terminar?
Meu objetivo é fechar um grande ano, com boas atuações e concluir o projeto, que é levar a equipe de volta à primeira divisão do Carioca. Não gosto de ficar projetando o depois. Por enquanto quero pensar em atuar bem.
O seu último clube foi o Caxias e lá você jogou apenas três jogos. Como foi a experiência? Algo deu errado?
Não, nada deu errado, na verdade. Eu sabia que ia para o Caxias para atuar nas três partidas que podiam nos eliminar ou classificar para as finais da Série C. Nós jogamos dois jogos em casa em que precisávamos vencer e, infelizmente, empatamos um. Acabamos indo decidir a vaga fora de casa e fomos derrotados.
Você também tem uma passagem recente no Joinville. Com muito sucesso. O que foi diferente?
No Joinville eu tive tempo pra trabalhar. Pelo menos uma temporada inteira e foi realmente um sucesso porque nós conquistamos a Série C de 2011, que era o nosso principal objetivo. Hoje eu vejo o Joinville brigando por um lugar entre os primeiros da Série B, um clube com muito mais estrutura e me sinto parte do processo que ajudou o time a crescer.
Falando sobre sua carreira agora, você ganhou Libertadores, Brasileirão, Carioca, Baiano, Mineiro, mas qual foi o seu melhor momento?
Tive bons momentos em vários clubes, ganhando títulos. Mas, acredito que meu melhor momento, individualmente falando, foi minha segunda passagem pelo Vasco, em 2002. Eu joguei 17 jogos e marquei 15 gols. Foi uma grande fase, apesar de não vir acompanhada de títulos.
Você fez parte de um time multicampeão: o Vasco do final da década de 90. Foi o melhor time que você jogou?
É difícil cravar assim. Também joguei em outros grandes times, mas pelo número de conquistas, este, com certeza, é o que mais marcou. Nós jogamos muito tempo juntos, todos os jogadores se conheciam e acredito que todos estão marcados para sempre como personagens daquela equipe.
Falando de Seleção Brasileira agora, você jogou uma Copa das Confederações, em 2001. Por que você acha que foi só? E o que representava a competição na época?
A Copa das Confederações é o trampolim para a Copa do Mundo, mas não foi meu caso. Não por eu ter atuado mal. Fui bem, muito bem, mas era um momento complicado para o time e eu fui convocado pelo Leão, que saiu logo depois e com o Felipão eu não tive mais chances. Mas tinham muitas boas opções na época, tanto que o Brasil foi campeão do Mundo.
Agora falando sobre idade, nós temos visto alguns jogadores da sua geração se destacarem no Brasileirão, você acredita que essa é uma nova tendência, ou que estes casos são exceções?
Profissionais como o Zé Roberto, o Harley, o Rogério Ceni, o Juninho Pernambucano, com quem eu joguei no Vasco, são muito excelentes no que fazem, principalmente na questão do preparo físico. A isto, está aliado uma técnica muito boa desses atletas, então eu acredito que são exceções mesmo.
Você passou por muitos clubes, acredita que tenha identificação suficiente com algum para ter uma grande despedida?
Acredito que me identifico muito com o Vasco e com o Vitória. Tive passagens muito vencedoras por essas equipes. Ultimamente alguns jogadores com quem eu joguei se despediram, como o Pedrinho e o Edmundo, eles mereceram. Se eu ganhasse uma despedida assim seria muito legal, mas não mudaria minha relação com os clubes ou os torcedores.
Existe alguma frustração na sua carreira, seja Seleção Brasileira, alguma passagem ruim em algum clube, não jogar em um time?
Não, não existem frustrações. Sou realizado, muito feliz mesmo. Só de poder jogar até hoje, tenho orgulho. Tive a incrível oportunidade de jogar com grandes jogadores, com grandes técnicos, com grandes pessoas. Tudo o que aconteceu comigo foi muito legal.