Descaso de R$ 21 milhões e jogo de empurra em rodoviárias de Betim e Vespasiano

Carlos Calaes - Hoje em Dia
26/09/2013 às 06:46.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:46

Exemplos de desperdício do dinheiro público e privado, duas rodoviárias “novinhas em folha”, construídas há pouco tempo em Betim e Vespasiano, na Grande BH, viraram “elefantes brancos”. Depois de consumirem R$ 21 milhões e serem inauguradas, uma está fechada e outra é subutilizada. Projetos malfeitos, que resultaram em falhas na execução da obra, seriam a explicação para os defeitos estruturais dos dois imóveis.

Em Betim, faltam a construção de uma trincheira de acesso e área de manobra para os ônibus. A atual está mal dimensionada.

A obra ficou pronta em 30 de junho do ano passado. Após a solenidade de inauguração, o imóvel voltou a ser fechado e, até agora, nenhum ônibus passou por lá. Há pedaços de argamassa em alguns pontos e a vegetação toma conta. Em uma placa na parede, porém, o que deveria ser verdade: “compromisso cumprido”.

Em Vespasiano, o terminal rodoviário foi, primeiro, brejo. Depois, lixão. Por falta de drenagem e compactação do terreno, o piso de blocos está afundando, enquanto rachaduras correm o teto e o chão. No local, apenas poucos ônibus da Viação Buião, que circula somente na cidade.

“Quando um projeto é malfeito, a obra será malfeita. Ou seja, não atingirá o objetivo”, avalia o engenheiro civil Hélio Salatiel Queiroga, perito do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais. “O fundamental é o projeto e, no caso de construção em áreas úmidas, o importante é a drenagem, compactação e fundação profunda”, diz.

A Prefeitura de Vespasiano admitiu que o piso da rodoviária tem “abatimentos” por falta de compactação. Informou que a empresa responsável teve um terço do valor da obra (R$ 1 milhão) embargado até a reparação do dano.


Terminal caro vira "terra de ninguém"

A rodoviária de Betim custou R$ 20 milhões. A prefeitura cedeu o terreno e a construção ficou a cargo do Metropolitan Shopping Betim, que já funciona no local.

Questionada sobre o fato de o terminal estar em desuso desde a “inauguração”, em junho de 2012, a prefeitura alega não ter responsabilidade sobre o empreendimento porque não recebeu o termo de transferência do imóvel, ou seja, o terminal pertenceria ao grupo Partage, administrador do Metropolitan.

Alega ainda que não foi cumprida pelo shopping a exigência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de construir uma trincheira na BR-381 para acesso à rodoviária. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas (DER-MG) também teria solicitado algumas adequações.

O Metropolitan, por sua vez, informou que o terminal foi construído seguindo projeto aprovado por órgãos responsáveis da prefeitura, com acompanhamento técnico, e que a transferência foi assinada em agosto de 2012.

A negociação foi durante a gestão da ex-prefeita Maria do Carmo Lara. O ex-secretário de Infraestrutura da administração anterior, José do Carmo Dias, negou qualquer erro no projeto. Disse que o problema é “falta de vontade política do atual governo”.

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