(FLÁVIO TAVARES)
Bombas de efeito moral, sprays de pimenta, ruas fechadas e corre-corre. O clima voltou a ficar tenso no hipercentro de BH na tarde de ontem, durante o segundo dia de proibição dos camelôs na região. Inconformados, alguns ambulantes protestaram contra a retirada forçada. Houve confrontos entre vendedores e Polícia Militar.
Balanço divulgado pela PM indicava a prisão de dez pessoas até o início da noite. Todos foram detidos por incitação à violência, segundo a assessoria de imprensa da corporação.
O pé de guerra na região central da cidade deve prosseguir. Parte da categoria promete novos protestos enquanto não houver “uma resposta satisfatória da prefeitura”. Além disso, eles afirmam que, à medida em que não se encontra uma solução definitiva, mais tempo as pessoas ficam sem trabalhar, o que favorece o clima de tensão.
Uma reunião ocorreu entre líderes dos camelôs e representantes da prefeitura de BH. De um lado, ambulantes disseram que o encontro serviu apenas “de escuta”, com a apresentação de reivindicações. Do outro, a Secretaria de Regulação Urbana reforçou a proibição e disse que a administração municipal está apenas cumprindo o Código de Posturas.
Os ânimos começaram a se exaltar por volta das 16h, quando um princípio de tumulto foi registrado na esquina da rua São Paulo com avenida Amazonas. Com medo, vários lojistas fecharam as portas. Vendedores impediram a passagem de veículos em alguns trechos. Na rua dos Carijós e na Praça 7 também houve confusão. Maurício Vieira / N/A
Parte dos manifestante bloqueou o trânsito
Antecipação
Na manhã dessa terça-feira (4), o prefeito Alexandre Kalil disse que antecipará para amanhã o sorteio dos camelôs que vão ocupar vagas em shoppings populares da capital – a medida iria ocorrer só em 20 de julho.
Quem for sorteado pagará R$ 30 durante quatro meses. Segundo a prefeitura, essa é uma estratégia de transição, e ainda não se sabe quantas vagas serão criadas. A solução definitiva deverá vir com a aprovação de um projeto de lei enviado pelo Executivo à Câmara Municipal na última segunda-feira.
A proposta é de uma Operação Urbana Simplificada. Nela, os shoppings populares recebem incentivos para aumentar a área construída e receber novos comerciantes. Além disso, podem vender a permissão de construção a outras empresas em outros locais. Com a medida, a prefeitura pretende subsidiar a instalação de até 900 camelôs durante cinco anos.
O prefeito Alexandre Kalil disse que as ações foram planejadas. Ele reafirmou que as medidas para coibir a presença dos vendedores vão continuar.
Confira o que disseram alguns camelôs: