Covid-19

Em meio à crise no atendimento do SUS em BH, homologação de concurso para médicos é adiada pela PBH

Clara Mariz
@clara_mariz
07/02/2022 às 17:14.
Atualizado em 07/02/2022 às 17:35

A crise nos atendimentos da Rede SUS de Belo Horizonte tem criado conflitos dentro das unidades de saúde da capital. Em 21 de dezembro de 2021, durante coletiva de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, Jackson Machado, apresentou a carência de médicos e afirmou ser necessária a ampliação das equipes com mais 536 profissionais. Mesmo com a urgência, a homologação do concurso feito ainda no ano passado, que aconteceria no fim de janeiro, foi adiada para o final de fevereiro.

Para o diretor do Sindicato dos Médicos de Minas (Sinmed-MG), Artur Mendes, a falta de resposta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre o colapso nos atendimentos é de certa forma "desgastante", já que, quando questionado, o Executivo apresenta retornos vagos. "Desde antes da pandemia do novo coronavírus começar, nós já havíamos falado com a Prefeitura sobre a necessidade de ampliar as equipes. Agora, nós precisamos do dobro do número de profissionais que atendem os centros de saúde. Nós estamos avisando isso há muito tempo", afirma o diretor do sindicato.

Desde o início deste ano, para enfrentar a nova onda de crescimento de casos da Covid-19 na capital, a PBH abriu 552 leitos na Rede SUS, sendo 68 de UTI e 484 de enfermaria. Além disso, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em 25 de janeiro, foram contratados 1.430 profissionais de saúde, sendo 309 médicos de diversas especialidades.

Mesmo assim, segundo Mendes, essas contratações não são suficientes para suprir o "buraco" que os trabalhadores afastados por crises respiratórias têm deixado. "As últimas contratações são uma compensação à falta de médicos e outros profissionais da saúde que tiveram que afastar por atestado médico. Não vai resolver o colapso dos atendimentos. Muitos trabalhadores estão adoecendo, deixando os plantões, nós temos relatos de pedidos de demissão em massa. Se a PBH tivesse uma preocupação maior com os profissionais da saúde, nós não teríamos uma evasão tão grande como a que estamos tendo", explica o diretor do Sinmed-MG. 

Respostas
Após uma reportagem publicada pelo Hoje em Dia na qual o Sindicato dos Médicos de Minas afirmou que a categoria acionaria a Justiça caso a Prefeitura de Belo Horizonte não respondesse às reivindicações da categoria, o município disse lamentar o desconhecimento do sindicato sobre as regras de concurso público que impedem a antecipação da homologação da prova. Além disso, a PBH afirmou que,  em vez de fornecer auxílio durante o momento epidemiológico crítico da pandemia, o Sinmed-MG "optou por fazer uso político da situação".

Questionado, o diretor do sindicato diz que o município "além de não manter um diálogo com os profissionais, também ousa fazer pressupostos a respeito das ações tomadas pela categoria". "As decisões tomadas pela PBH durante todo o enfrentamento à pandemia sempre foram bem vistas e elogiadas por nós, mas porque no início tiveram muito cuidado. Agora, se silenciam em frente a um colapso como esse", questiona o médico Artur Mendes.

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde quatro vezes para obter respostas quanto à data que a homologação do concurso seria feita. Em 28 de janeiro, recebemos a informação de que seria no fim do mês, porém sem uma data definida. Já em 3 de fevereiro, a Prefeitura informou o adiamento do prazo e que houve um atraso "em  razão de uma falha no processo, por parte da empresa que realizou o concurso". Ainda conforme a secretaria, foram adotadas todas as medidas administrativas cabíveis. Nesta segunda-feira (7), por meio de nota, a PBH reafirmou que ainda não possui uma data para a homologação.

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