(RICARDO BASTOS)
A chuva está em falta, e, com uma crise hídrica instalada, ainda é pequena a consciência das pessoas em relação ao quesito economia de água. Mesmo com os níveis baixos dos reservatórios, por todo lado é possível ver gente desperdiçando o recurso natural, como, por exemplo, lavando calçadas ou carros com mangueira.
Apelos por economia não faltam. O presidente do Sindicato dos Condomínios Comerciais, Residenciais e Mistos de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindicon), Carlos Eduardo de Queiroz, afirma que a instituição tenta alavancar campanhas educativas e alertar associados sobre a importância de racionar água.
No entanto, ainda enfrenta resistência. “A gente fala, mas as pessoas não têm se empenhado em reduzir o uso de água. Já tivemos condôminos que nos procuram para dizer que o síndico não está tendo esse cuidado”, afirma.
Mesmo assim, algumas pessoas prezam pelo bom exemplo e fazem questão de tomar atitudes para economizar água, seja por meio da redução do consumo ou da reutilização.
PARTICULAR
É o caso do empresário Frederico Carvalho, proprietário de uma oficina mecânica no bairro Buritis, região Oeste da capital. Há cinco anos, ele instalou uma estação de tratamento de água no estabelecimento. A máquina colhe todo o volume utilizado na lavagem dos carros, realiza o tratamento e armazena em outra caixa, pronta para ser novamente empregada. O custo foi alto, em torno de R$ 40 mil, mas o retorno valeu a pena. “Minha conta de água girava em torno de R$ 1 mil, e hoje não chega a R$ 300”, informa Carvalho.
AUTOSSUSTENTÁVEL
Quem vai à pousada de Andréa Drummond de Sales, no povoado de Casa Branca, em Brumadinho (RMBH), surpreende-se com os processos de sustentabilidade implantados no estabelecimento.
O local não conta com água encanada, sendo o consumo possível graças a nove nascentes da região. O esgoto doméstico produzido na pousada é tratado em filtros naturais, sem aditivos químicos. O resíduo é usado em um sistema de compostagem, e o material resultante do processo é aproveitado como adubo orgânico. Após o tratamento, o restante da água, já limpa, volta para o curso normal, evitando a contaminação de rios. “Temos o cuidado de fazer a avaliação dessa água a cada seis meses”, diz Andréa.
O projeto foi elaborado por ela e o marido, também proprietário da pousada, em parceria com comunidades de apoio à sustentabilidade e grupos universitários. “Aqui, não apenas economizamos água, mas tentamos ter um consumo consciente de todo o ciclo. Se você não economizar, no futuro não terá o que comer”, destacou.
O gasto ela não revela, mas garante que não foi alto, principalmente se comparado ao retorno financeiro. Segundo Andréa, a economia gira em torno de 80%.