Energia jogada fora em BH com luzes acesas de dia

Simon Nascimento*
23/01/2019 às 20:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:11
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

As lâmpadas que garantem a iluminação das ruas de Belo Horizonte ficam ligadas até mesmo com o sol a pino. O desperdício acontece em postes com equipamento de mercúrio, na cor laranja, tecnologia ultrapassada e capaz de consumir mais energia do que as estruturas de LED. Ontem, 71 falhas que podem comprometer a vida útil das lâmpadas foram identificadas em nove ruas e avenidas da capital. Atualmente, a BHIP, empresa contratada pela prefeitura, é a responsável por gerenciar o sistema. 

O principal ponto com problemas está na avenida Tereza Cristina. Só em um trecho de 1,3 quilômetro, entre a rua José Viola, no Padre Eustáquio (região Noroeste), e o cruzamento com a avenida Barbacena, no Prado (Oeste), 58 estavam acesas em pleno meio-dia, conforme constatou a equipe de reportagem do Hoje em Dia.Flávio TavaresTodas as lâmpadas são de mercúrio, como na avenida Álvares Cabral

Quem trabalha por lá garante que isso acontece 24 horas por dia. Frentista de um posto na via, Vitor Emanuel, de 18 anos, diz que as lâmpadas estão ligadas desde novembro. “Pedem que a gente economize em casa, mas deixam isso ocorrer na cidade”, reclama. 

A falha também é recorrente em outro importante corredor da metrópole. Na avenida Afonso Pena, 13 estavam ligadas entre as praças Rio Branco (Rodoviária) e da Bandeira, no Mangabeiras. Um dos locais do desperdício fica na esquina com a rua da Bahia. “Começou em agosto do ano passado. Alguns técnicos já estiveram aqui, mas não resolveram”, diz Tatiane de Oliveira, de 26 anos, que trabalha em uma banca de revistas ao lado do poste.

O consumo desnecessário também foi percebido nas avenidas Augusto de Lima, Bias Fortes, Álvares Cabral, Getúlio Vargas e Silva Lobo, Praça Raul Soares e rua dos Dominicanos, na Serra.

Além do gasto desnecessário de energia, o professor de engenharia elétrica Fábio Gonçalves Jota, da UFMG, reforça que o problema pode obrigar trocas mais rápidas do equipamento. “Você está reduzindo a vida útil das lâmpadas para apenas um terço. E essa manutenção é cara. Porque se troca a lâmpada e a fiação, já que estão sendo substituídas por LED”.Flávio Tavares

Na Afonso Pena, 13 falhas foram anotadas pela reportagem na manhã desta quarta-feira

Defeito

Em nota, a BHIP informou que a situação se deve a uma falha no chamado relé fotoelétrico, equipamento responsável por identificar a quantidade de luz natural para ligar e desligar a lâmpada.

Segundo a empresa, o gasto de energia com as estruturas acesas durante o dia “é mínimo” e o tempo de reparo, “curto”. Sobre os locais mostrados pela reportagem, a BHIP disse que enviará uma equipe para avaliar a situação. “Caso seja constatada a necessidade de manutenção, será aberta ocorrência com prazo máximo de até 48h para atendimento”.

A empresa foi questionada sobre custos adicionados e informou que esses serviços estão incluídos no contrato. O termo prevê investimento de R$ 1,5 bilhão por 20 anos na modernização da rede de energia da capital. A BHIP garante ainda que as falhas no relé fotoelétrico não são recorrentes. Cemig e Prefeitura de BH foram procuradas, mas não se manifestaram.

*(Colaborou Bruno Inácio)

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