Especializações gratuitas ajudam jovens a ingressar no mercado de trabalho

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
17/05/2017 às 19:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:35

A crise econômica não afeta apenas o acesso dos jovens a um posto de trabalho. A valorização do currículo para competir em um mercado cada vez mais acirrado também é prejudicada. No último ano, quatro em cada dez estudantes adiaram os planos para realizar cursos de especialização por falta de recursos financeiros, conforme pesquisa recente.

O levantamento, realizado com candidatos a estágios em várias partes do país, mostrou que um terço dos entrevistados não investiu um centavo sequer na carreira nos últimos 12 meses. Realidade que deixa esse estudante para trás na hora de pleitear uma vaga de emprego.

“Com a alta competitividade e o nível de exigência dos processos seletivos, as vagas formais ficaram mais distantes para essas pessoas”, frisa Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, consultoria responsável pela pesquisa.

Para quem busca o aprendizado, as chances de ingresso em alguma empresa, seja como estagiário ou profissional, são maiores, afirma a coordenadora do curso de pedagogia a distância da Fumec, Alessandra Latalisa. 

“Na medida em que esse profissional tem sua formação inicial (graduação) de boa qualidade, aumenta-se a chance de empregabilidade. Se ele tiver a formação permanente (especialização), se torna um profissional mais capaz”, revela.

Sem custo

O orçamento apertado, porém, não é desculpa para deixar o aprendizado de lado. Há capacitações de graça até pela internet. “Existem cursos gratuitos de diversas áreas e com certificação de instituições reconhecidas. É preciso gastar tempo procurando por eles”, reforça Latalisa. 

A capacitação sem custo, inclusive, foi a alternativa encontrada pelo estudante de relações públicas Renan Cássio Rocha, de 26 anos, para dar “peso” ao currículo. E se deu bem. 

Mal terminou a especialização como analista de mídias sociais pela Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (Uaitec), ofertada pelo governo do Estado, e já tinha sido contratado para atuar na área. Além disso, ele passou a prestar serviços como freelancer. “Tenho clientes até em cidades do interior”, conta.

Muito caro

Renan Cássio afirma que não teria condições de arcar com o valor de uma especialização em instituição particular. Para se ter uma ideia, a capacitação em mídias sociais com 32 horas/aula custa em torno de R$ 250. Já a de 120 horas, quase R$ 2 mil. “Todos os cursos nessa área e, com carga horária bem menor, são muito caros”, observa. 

Outro curso oferecido gratuitamente pela Uaitec é o de desenvolvimento web. Em instituições privadas, ele não sai por menos de R$ 5 mil. “O que fazemos é investir na educação de qualidade para proporcionar uma carreira profissional de sucesso”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes), Miguel Corrêa.

Fila de espera para apenas um curso supera 7,5 mil inscritos

A oportunidade de uma capacitação gratuita tem atraído milhares de mineiros para a Uaitec. Na última seleção, em fevereiro, 65.535 pessoas entraram para a fila de espera para os cursos de tecnologia da informação, que abrangem, dentre outros, o de programador de sistemas, desenhista de produtos gráficos e desenvolvedor de jogos eletrônicos. O de programador de sistemas é o campeão de procura: 7.584 aguardam uma vaga. Em seguida, o de analista de mídias sociais, com 7.560 cadastros. 

427 mil mineiros já se inscreveram, desde 2015, para cursos nas Uaitecs; a oferta é variada: inglês, espanhol, programador web, analista de mídias sociais e desenvolvedor de jogos eletrônicos, além de formação profissional (doceiro, padeiro, garçom e cabeleireiro)

Ao reconhecer o desafio que é atender a toda a população, Miguel Corrêa acredita que a Uaitec é uma saída para quem deseja se especializar em meio à crise. “Além disso, dá oportunidade para formar empreendedores. Não há crise nenhuma, em todo o mundo, que não seja enfrentada pelas mãos do empreendedor”, avalia.

Minas tem hoje 95 Uaitecs espalhadas pelo Estado. Uma das últimas unidades inauguradas é a de Ribeirão das Neves, na Grande BH, que oferece cursos de tecnologia de informação e de idiomas.

De acordo com a assessoria da Sedectes, não há previsão para a abertura de novas vagas para os cursos de tecnologia da informação, que são semipresenciais. 

Porém, pelo site da universidade é possível se inscrever para outras áreas de capacitação, como organização de eventos, gestão ambiental e de recursos hídricos, hotelaria e legislação trabalhista. O acesso é imediato. 

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