Megaoperação contra 'guerra' no aglomerado da Serra tem 19 presos e três foragidos

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
18/09/2017 às 17:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:37
 (Tatiana Lagôa)

(Tatiana Lagôa)

A mega-operação das Polícias Civil e Militar no Aglomerado da Serra, na região Sul de Belo Horizonte, para estancar a guerra entre as gangues Pau Comeu e Del Rei já levou 19 adultos para a prisão e apreendeu seis adolescentes. Os infratores são acusados de crimes como associação ao tráfico de drogas, disparo de armas de fogo, corrupção de menores e organização criminosa. 

Desde o início dos conflitos por ponto de venda de drogas entre as facções, em maio deste ano, já há relatos de pelo menos dois homicídios e um caso de tortura atribuídos às gangues. Além disso, ocorreram vários disparos de tiros no aglomerado durante as brigas, aterrorizando a população local. “Temos notícias vindas da população que elas ficaram com a liberdade de locomoção restringida, com medo de sair nas ruas. Temos provas disso, inclusive fotos de um apartamento no 14º andar atingido com disparo de arma de fogo no final de julho”, afirma a delegada Cláudia Marra, da 3º delegacia Sul

Segundo a delegada, a intensificação do conflito ocorreu em julho e agosto, o que motivou a operação conjunta, ocorrida na última sexta-feira (15). “Em agosto a situação ficou impraticável”, disse. 

Durante as investigações, foram identificados 16 integrantes da gangue Pau Comeu, localizada na Vila Nossa Senhora Aparecida. Desses, dez são adultos e seis adolescentes. Segundo a delegada Elyenni Célida da Silva, os menores estão acautelados e aguardando o julgamento para definição da medida socioeducativa adotada.

Já na facão Del  Rei, da Vila Nossa Senhora da Conceição, foram descobertos 12 integrantes, todos adultos. Até o momento, nove foram presos e três estão foragidos. Dentre os que não foram encontrados pela polícia está um jovem, conhecido como “Gêmeo”, por ter um irmão, já preso devido a associação ao tráfico. Ele é um dos gerentes do tráfico na gangue e tem sete mandados de prisão já expedidos. “Os gêmeos são destemidos”, afirma Cláudia. 

Também é procurado pela polícia o Vinicim que é apontado como braço direito do Rogerinho, o líder do grupo que foi preso na operação. O Luisinho, responsável pela parte financeira do grupo, é o terceiro foragido. 

Para a polícia, as prisões deverão reduzir os conflitos na região. Isso porque, os líderes dos dois grupos estão presos. O Joninha, chefe da Pau Comeu, já estava detido mas vai passar por julgamento também pelos crimes associados a essa guerra. A acusação é a de que ele comandaria ações contra os rivais de dentro do presídio. “Fiz nada não. Como eu ia fazer isso preso? Já estou vivendo um inferno aqui preso e ainda querem falar que eu tenho participação nisso”, se defendeu na apresentação dos presos à imprensa ocorrida na tarde desta segunda-feira (18). Ele alega que os cinco filhos tiveram que sair do aglomerado após a prisão dele, em 2014. 

Dentre os menores apreendidos, três foram durante a operação e outros três em agosto, acusados de participação em uma tortura realizada contra uma garota de 18 anos. Por supostamente ser informante da gangue Pau Comeu, ela teve os cabelos raspados, um corte profundo na cabeça, além de pernas e braços quebrados. 

O menor apontado como o mais temido dentre os seis apreendidos é um de 15 anos. Segundo a delegada Elyenni, ele conta com orgulho ser traficante e que “herdou” o ofício do pai, morto há 12 anos. “Ele não tem receio nenhum em afirmar que vende drogas, conseguiu independência e tem disposição para fazer qualquer coisa, inclusive ameaçar policiais”, conta. O menino acredita ter como missão vingar a morte do pai, crime que ele atribui a um dos integrantes da gangue Pau Comeu. 

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