Morador de rua que morreu em praça pode ter sido a primeira vítima do frio em BH

Juliana Baeta
09/07/2019 às 15:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:27
 (Google Maps )

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Um morador de rua de 61 anos que morreu no último domingo (7) na praça Salermo, no bairro Aparecida, região Noroeste de Belo Horizonte, pode ter sido a primeira vítima do frio em Belo Horizonte. No dia da morte, quando o homem dormia na rua, a capital mineira registrou a temperatura mais baixa desde 1975, marcando 5,7°C. 

Segundo um comerciante local, que preferiu não ser identificado, Wilton Ribeiro de Freitas vivia na praça há cerca de três anos. Há pouco mais de um mês, o comerciante e outros vizinhos conseguiram que o idoso voltasse para a casa da ex-esposa e, em breve, seria internado para tratar seu alcoolismo. 

"Mas deu uma semana e ele voltou a morar na rua. Ele tinha uma resistência a isso, bebia e fumava muito, já estava bem debilitado de saúde. Eu me sinto culpado pela morte dele, acho que a culpa é de toda a sociedade, que passa por essas pessoas na rua e não enxerga o que está acontecendo, olha com desprezo. Não foi culpa do Wilton não ter conseguido viver com a família, uma pessoa que está na condição em que ele estava já perdeu há muito tempo o discernimento para saber o que é certo ou errado. Eu me sinto derrotado", desabafa.  

Ainda não é possível afirmar que o que tenha causado a morte do homem seja hipotermia, mas o comerciante acredita que, somado aos problemas de saúde do idoso, o frio pode ter contribuído. 

A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte por meio da 4ª Delegacia de Polícia Civil Noroeste. No entanto, o laudo do IML que poderá confirmar a causa da morte só fica pronto em cerca de 30 dias.  

Dados do Ministério da Cidadania referente ao mês de janeiro apontam que BH tem 7.824 pessoas morando nas ruas. No entanto, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que o número de pessoas em situação de rua é de 4.553 pessoas, uma vez que se trata de um público flutuante. Ainda assim, o número de vagas de acolhimento institucional em abrigos e albergues não comporta essa população. Atualmente, BH possui 1.066 vagas. 

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, da Secretaria Municipal de Saúde e da Defesa Civil, "tem reforçado o atendimento à população em situação de rua, em função do frio:

- Reforço da atuação das equipes de abordagem social e saúde, inclusive no período noturno e nos locais de maior concentração de pessoas em situação de rua.

- Criação de vagas emergenciais nos abrigos existentes.

- Reforço na alimentação nas unidades socioassistenciais.

- Qualificação das equipes de saúde para atendimento a este público, incluindo urgência e emergência".

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