Golpes na cabeça

Morre travesti após agressão em Ribeirão das Neves; ONG diz que hospital não respeitou nome social

Vítima foi levada ao Hospital Risoleta Neves e não resistiu aos ferimentos

Bernardo Haddad*
@_bezao
25/04/2024 às 14:51.
Atualizado em 25/04/2024 às 17:08
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Uma travesti de 27 anos morreu nesta quinta-feira (25) no Hospital Risoleta Neves, após ter sido internada devido a uma agressão que sofreu na madrugada de terça-feira (23), no bairro Jardim Colonial, em Ribeirão das Neves, na região Metropolitana de Belo Horizonte. 

A informação foi divulgada pelo Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos), que lamentou a morte da mulher e afirmou que ela foi vítima de LBGT+ fobia estrutural e institucional pelo hospital. 

De acordo com o Cellos, o hospital não identificou a vítima com o nome social e sim com o “nome e sexo biológico”. Além disso, o centro médico não teria notificado o Estado da morte ser um caso de violência contra a mulher, tampouco apresentou a vítima no sexo feminino.

Em nota enviada ao Hoje em Dia, o Risoleta Neves informou que, ao apurar o processo de admissão da paciente no hospital, foi identificado que os dados constantes no sistema da unidade de saúde foram informados por uma acompanhante que veio junto na ambulância do Samu.

"Ela assinou como responsável pela paciente e não entregou em nenhum momento a carteira de identidade nem fez menção ao nome social", destacou a nota.

O Risoleta Neves reforçou "que existe uma diretriz institucional" para o nome social seja adotado "sempre que ele é informado à equipe".

"O respeito aos direitos dos pacientes e a humanização dos atendimentos são valores fundamentais para a nossa Instituição. Ressaltamos também que a paciente recebeu toda a assistência devida e, diante de um quadro clínico de extrema gravidade, ela veio à óbito, infelizmente. Por se tratar de uma morte não natural, o corpo foi encaminhado ao IML, responsável por analisar a causa do óbito", finalizou a nota.

A Polícia Civil de Minas destacou que os campos referentes à orientação sexual e identidade de gênero de envolvidos em ocorrências só são preenchidos por meio de autodeclaração. Ou seja, dependem da manifestação da pessoa envolvida - e não são campos de preenchimento obrigatório.

Além disso, a inclusão desses dados no Boletim de Ocorrência é fruto do trabalho da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a Prodemge, que desenvolveram o Painel LGBTQIA+ na Base Integrada de Segurança Pública, lançado em 2023.

O crime 

De acordo com a Polícia Militar, a vítima foi resgatada com um ferimento na testa para o Hospital Risoleta Neves. Após exames, médicos confirmaram que o machucado foi causado por um tiro. 

A vítima foi encontrada pelos militares em um lote. O local tem várias casas e um suspeito, de 20 anos, foi localizado com uma faca. 

O homem relatou que estava com em casa a vítima quando uma terceira pessoa chegou procurando por ele. A mulher o teria defendido e foi baleada com dois disparos. 

A versão do suspeito foi desmentida por outras testemunhas, que alegaram não ter ouvido nenhum tiro. O homem foi conduzido à delegacia. 

*Estagiário sob supevrisão de Valeska Amorim** Matéria atualizada às 17h08 com as notas enviadas pelo Hospital Risoleta Neves e pela Polícia Civil de Minas

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