Riscos ao meio ambiente

Neste feriado de Corpus Christi, o trânsito de veículos será restringido na Serra da Piedade

Luciane Amaral
@luciane_amarallamaral@hojeemdia.com.br
16/06/2022 às 08:45.
Atualizado em 16/06/2022 às 11:51
 (Arquidiocese BH / Divulgação )

(Arquidiocese BH / Divulgação )

Depois de muita polêmica envolvendo o pagamento de uma taxa de R$ 10 para passar pelo portão e ter acesso ao Santuário na Serra da Piedade, em Caeté, na região metropolitana de BH, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) baixou uma portaria limitando o acesso de veículos ao local.

A medida entra em vigor a partir da publicação na edição do jornal Minas Gerais desta quinta-feira (16), dia de Corpus Christi. No portal do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade a programação das celebrações religiosas prevê missas, procissões e adoração ao Santíssimo, tudo transmitido pela internet.

A portaria do DER-MG determina restrição de circulação de veículos de carga com capacidade de peso bruto igual ou maior do que 16 toneladas, em toda a extensão da rodovia AMG-1235, que liga a MG-435 ao alto da Serra da Piedade, onde fica a menor basílica do mundo. Para os demais veículos, a restrição é entre o km 2,9 (Estação da Piedade) ao km 5,3 (entrada do Santuário).

(Amadeu Barbosa)

(Amadeu Barbosa)

Na última terça-feira (14), a Arquidiocese de Belo Horizonte publicou em seu site uma manifestação do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), responsável pela administração do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade (MONAESP) - unidade de conservação (UC) de proteção integral - que declara que a falta de controle de acesso à estrada já está trazendo danos.

O documento cita problemas como atropelamento de fauna nativa (diversos grupos biológicos, como aves, répteis e mamíferos), além do aumento de lixo e resíduos sólidos em todo o percurso da estrada e no topo. 

Além disso, prossegue o texto do IEF, a circulação sem controle na serra contribui para o aumento do risco de incêndios florestais, “(...) o que faz com que pessoas possam atear fogo propositalmente em qualquer horário, sem vigilância, e realizar fogueiras à noite, devido a temperaturas baixas”, cita o instituto.

Outra questão levantada na manifestação do IEF, de acordo com o documento da Arquidiocese, são os danos causados por veículos que estacionam nos acostamentos da estrada, sobre o campo rupestre ferruginoso (canga) - um ecossistema muito raro, com riquíssima diversidade biológica e endemismo, frágil e facilmente suscetível a danos.

A portaria da restrição, que entra em vigor com a publicação nesta quinta, foi baseada, segundo o DER-MG, na necessidade de proteção e conservação do patrimônio religioso, histórico-cultural e ambiental. 

De acordo com o órgão, a Serra da Piedade é tombada pelo Estado e pela União. E a decisão considera a importância de controlar o número de veículos que poderão ter acesso ao Monumento Natural e ao Santuário, em razão:

  • da capacidade da via e da segurança viária;
  • no aumento significativo de pedestres e do fluxo de veículos durante os feriados e fins de semana na Rodovia AMG-1235;
  • para disciplinar os locais de estacionamento, a parada de veículos local e o trânsito que se destina à visitação do Santuário.

(Movimento Passe Livre / Divulgação)

(Movimento Passe Livre / Divulgação)

Entenda o caso

Moradores de Caeté não concordavam com a cobrança de R$ 10, que começou em 2020, para que pudessem acessar o Santuário. Surgiu desta insatisfação o Movimento Passe Livre, que promoveu vários protestos, com a alegação de que eles se sentiam excluídos de parte da cidade, ponto tradicional de peregrinação e de contemplação da natureza. 

Em resposta às manifestações, a  Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pela basílica, explicou que a contribuição é necessária para cuidar e preservar o complexo arquitetônico, ajudar peregrinos que vêm de longe e manter um posto médico e ambulância no local.

No início do mês, a cobrança foi suspensa. E no primeiro fim de semana sem o controle de fluxo na AMG 1235, nos dias 4 e 5, segundo a Arquidiocese, houve depredação e engarrafamentos.

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