Obra de complexo esportivo se arrasta e antigo campo na região Leste de BH vira bota-fora

Simon Nascimento
scruz@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/09/2018 às 20:52.Atualizado em 10/11/2021 às 02:40.
Hoje em Dia mostrou os problemas no local, que chegou a ser um bota-fora (Maurício Vieira)
Hoje em Dia mostrou os problemas no local, que chegou a ser um bota-fora (Maurício Vieira)

Mau cheiro, restos de construção, preservativos usados, pedaços de madeira, pneus, animais mortos, mato alto e eletrodomésticos. Esse é o cenário da área que abrigava o antigo campo de futebol do Pompeia, que corta as avenidas dos Andradas e Itaituba, entre os bairros São Geraldo e Boa Vista, na zona Leste de Belo Horizonte. O espaço aguarda a construção de um complexo de lazer, prometida há alguns anos.

Porém, com intervenções sem data prevista, moradores reclamam do depósito irregular de lixo. A situação foi mostrada pelo Hoje em Dia em 2016. Dois anos depois, o problema persiste.

Apesar de a prefeitura afirmar que a área, que vai abrigar o Complexo Esportivo do Pompeia, é usada para armazenar materiais utilizados nas obras da Via 710, quem vive nas imediações garante que outras pessoas se aproveitam para jogar resíduos no local. O acesso é facilitado por buracos nos muros e nos portões do terreno, além de um lote ao lado que foi desapropriado.

Ainda segundo o Executivo, a implantação da área de lazer será feita pela mineradora Vale. A intervenção é uma condicionante ambiental por melhorias realizadas no trecho da ferrovia gerenciada pela companhia entre a capital e Sabará, na região metropolitana. 

Em nota, a empresa disse arcar com os custos da obra do complexo. As intervenções, conforme a Vale, serão executadas pela prefeitura. “O recurso é passado à medida que a administração municipal dá andamento ao projeto”. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que elabora o orçamento para a licitação do projeto executivo, prevista ainda para este ano.

Reportagens publicadas pelo Hoje em Dia, desde 2016, já mostravam que o antigo campo de futebol havia se transformado em um depósito clandestino

Desde 2012

Enquanto o complexo não sai do papel, Joana Darc Felisberto, de 69 anos, que mora nas imediações, afirma que, há seis anos, animais peçonhentos, mosquitos e cheiro de bicho morto são comuns. “Peguei dengue e tomo cuidado para não deixar água parada, mas não tem jeito. Daqui uns dias começa a chuva e, sem vazão para a água, fica tudo alagado”.

O cozinheiro Wellington Lima, de 55 anos, contou que um grupo de pessoas chegou a improvisar uma trave para voltar a jogar futebol no campo. “Mas nem dá para ficar lá com esse cheiro forte”. Ele diz que o que mais incomoda são os caminhões que despejam resíduos da Via 710 no antigo campo.

Na edição de ontem, o Hoje em Dia mostrou que 183 desapropriações atrasam a implantação do corredor viário que irá ligar as regiões Nordeste e Leste da capital. Um dos trechos onde há remoções está na área do bota-fora. Lá, os escombros de casas demolidas pela PBH também não foram retirados e se juntam ao lixo acumulado.

Bota-fora lixão
Catadores de lixo são frequentes na área 

Risco

A situação deixa a população exposta a doenças como dengue, hepatite e diarreia. Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano reforça que o lixo é contaminado com bactérias e protozoários. O especialista defende melhorias nas políticas públicas que promovam a conscientização sobre o descarte correto dos entulhos. “É preciso uma ação mais rigorosa, até mesmo para proteger quem mora próximo a essas condições”.

Por meio de nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que a limpeza da área é feita quinzenalmente. A cada intervenção, são recolhidas cerca de 70 toneladas de lixo e entulho.

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