(Lucas Prates)
A pandemia de Covid-19 levou muita gente a adiar consultas preventivas e até tratamentos contra o câncer. No caso das mulheres, principal alvo da campanha Outubro Rosa, de conscientização contra o tumor de mama, houve queda vertiginosa na realização da mamografia, principal tecnologia para o diagnóstico precoce da doença.
Em BH, o recuo nos procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi de 75%. Sem as consultas de rotina, médicos temem aumento de diagnósticos tardios, que podem prejudicar o tratamento contra a enfermidade.
A recomendação do SUS é que mulheres entre 50 e 69 anos façam a mamografia a cada dois anos – desde que não tenham histórico familiar de câncer de mama. Nesse caso, o exame deve ser mais frequente.
A médica lembra que a Sociedade Brasileira de Mastologia já se mostrou preocupada com o cenário, reforçando que a queda nos diagnósticos da doença no país deve girar em torno de 70%, na comparação com 2019. Índices similares são esperados também nos serviços particulares de saúde.
“A gente está aguardando os diagnósticos serem feitos em estágios mais tardios. Assim, serão tratamentos mais agressivos, com cirurgias mais extensas, com maior número de aplicação de quimioterapia”, avalia Paula Clarke.
A mastologista alerta que alguns casos, diagnosticados na fase inicial do tumor, podem nem precisar de quimioterapia, sendo tratados só com hormônios. “As chances de cura são acima de 95%. É importante que as mulheres voltem a fazer os exames de rastreamento”, reforça Paula Clarke. A médica defende que a partir dos 25 a 30 anos toda mulher deve consultar um mastologista a cada 12 meses.
Recomendações
Mesma medida foi adotada pelo Ministério da Saúde. A pasta disse que a estratégia é feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Dentre as recomendações, marcações de consultas previamente agendadas e respeito ao distanciamento social nos consultórios. O órgão ainda reforçou que desde o início da pandemia faz alertas sanitários à população com o objetivo de evitar a Covid-19.Lucas Prates / N/AA enfermeira Fabiane Lessa, coordenadora da Unidade de Cuidados Oncológicos do Grupo Santa Casa, enfrentou um câncer de mama aos 36 anos
Vitória da vida
Coordenadora da Unidade de Cuidados Oncológicos do Grupo Santa Casa, a enfermeira Fabiane Lessa de Brito enfrentou um câncer de mama aos 36 anos. A história de superação serve de alerta sobre a importância do diagnóstico precoce.
Em 30 de outubro de 2017 ela foi diagnosticada com um tumor extremamente agressivo, descoberto em um autoexame. “Queria continuar trabalhando, porque me via como incentivo para minhas pacientes e isso me motivava. Fiz tudo o que podia fazer para me cuidar. Mantive a força de querer viver, de estar bem com a situação, de encarar de frente. Se alguém tivesse que vencer, que fosse eu”.
Recuperada, Fabiane conta que faz visitas constantes ao mastologista, essenciais para que fique tranquila quanto a estar bem de saúde.