Passageiro a pé: 500 pessoas são prejudicadas, por dia, a cada ônibus queimado

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
26/04/2018 às 19:11.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:33
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Cada ônibus incendiado por criminosos na Grande BH deixa de atender cerca de 500 passageiros por dia. O levantamento é do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram). O prejuízo chega a R$ 6,8 milhões neste ano.

Só em Belo Horizonte e cidades vizinhas foram 17 coletivos queimados em menos de quatro meses. Ontem, mais um foi alvo de bandidos. Desta vez no bairro Serra Verde, em Venda Nova. Além dos prejuízos aos usuários, devido à demora na reposição, as ocorrências amedrontam motoristas e desafiam as forças de segurança.

No interior, os crimes também têm sido frequentes. Em todo o Estado já são 33 veículos destruídos em 2018, segundo a Polícia Militar. Em Uberlândia, no Triângulo, foram nove.

Terror

Quem foi vítima dos bandidos não esquece os momentos de terror. A cena do coletivo em chamas não sai da cabeça de Sérgio Duarte Ramos, de 56 anos. Embora o ataque à linha noturna em que trabalhava em Venda Nova tenha ocorrido em 2016, o motorista ainda enfrenta uma série de transtornos.

Sérgio desenvolveu estresse pós-traumático, toma antidepressivos e remédios para dormir, além de fazer acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Hoje, ele atua em uma função interna, de coordenador de tráfego. 

“Comecei a ter pesadelos, a chorar demais. Foi muito forte e afeta todo mundo, meus filhos e minha esposa ficam preocupados”. 

Sem reposição em BH

O ataque de ontem em Venda Nova foi o sétimo na capital em 2018. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), já informou que não tem condição financeira de repor os ônibus. Cada um custaria R$ 400 mil. 

Além disso, algumas ocorrências estariam sendo utilizadas pelos bandidos como forma de protesto. Bilhetes foram encontrados em coletivos queimados em BH com reclamações sobre as condições de penitenciárias.

Para o especialista em segurança pública e professor da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, os frequentes ataques lançam alerta para a necessidade de se criar de uma força-tarefa que trace estratégias conjuntas entre as polícias Civil, Militar e as secretarias de Estado de Segurança Pública (Sesp) e Administração Prisional (Seap). “Não há como investigar os casos de forma isolada”.Maurício Vieira“Criei minha família dirigindo ônibus”, diz Sérgio, que não se recuperou do ataque ao coletivo que conduzia 

Enfrentamento

A Polícia Militar diz que tem investido no mapeamento dos infratores e, para coibir os crimes, ampliou as abordagens aos ônibus. Desde o ano passado, 53 pessoas foram presas no Estado. 

Em nota, a Sesp informou que as investigações estão a cargo das delegacias das áreas. “A interlocução entre as inteligências acontece dentro da rotina das forças de segurança”. Já a Seap disse que “não é possível relacionar a queima dos veículos ao sistema prisional” e agu</CW>arda as investigações.

Segundo a Polícia Civil, a delegacia onde o crime foi registrado assume a investigação. A corporação diz que “não é possível afirmar se os casos têm ligação ou são isolados” e que trabalha de forma integrada, realizando os “procedimentos pertinentes” para esclarecer os fatos.

 
 

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