PBH retira camelô de Venda Nova; ambulantes reclamam de vagas em shopping

Raul Mariano e Ana Júlia Goulart
horizontes@hojeemdia.com.br
07/02/2018 às 20:31.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:12
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A realidade da rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, na capital, depois da retirada dos camelôs, é bem diferente daquela registrada no ano passado. As centenas de bancas que ficavam montadas sobre as calçadas e que dividiam espaço com pedestres desapareceram da região. Em frente ao Shopping Uai, onde havia grande concentração de ambulantes, apenas um ou outro trabalhador ainda se arrisca ilegalmente no local. 

Apesar do avanço na organização do espaço urbano, a adesão dos vendedores às vagas disponibilizadas no centro de compras ainda não é expressiva. Segundo dados da Secretaria de Política Urbana, das 672 oportunidades abertas, apenas 281 foram preenchidas, o que equivale a menos da metade. Para efeito de comparação, 80% dos boxes no Shopping Uai do Centro de Belo Horizonte foram ocupados.

Queda no movimento

Na unidade de Venda Nova, trabalhadores afirmam que o espaço disponibilizado no subsolo do estabelecimento não teria sido adaptado. A maioria garante que o movimento vem caindo drasticamente desde dezembro, quando foram impedidos de trabalhar na rua.

“Lá, nem está pronto para funcionar ainda. O jeito é arriscar e ficar na calçada mesmo. Tenho dois meninos, preciso ganhar ao menos para comer”, afirma o vendedor de água Silmar Carlos da Silva.

O camelô Anísio Calixto Soares, que trabalha com brinquedos e roupas infantis, reclama da perda no faturamento. “Na rua conseguia ganhar até R$ 300 nos dias bons. Aqui dentro se eu conseguir vender R$ 30 por dia é muito. Não dá para continuar assim”, reclama. 

Representante dos camelôs, Adjaílson de Andrade, que trabalha com a venda de vestuário, alega que a categoria vai realizar manifestações em frente ao shopping. “Está todo mundo revoltado porque fomos impedidos de trabalhar e não estamos dando conta de sobreviver. Estamos fazendo um abaixo-assinado”, relata.Maurício Vieira Líder dos camelôs, Adjaílson fez abaixo-assinado exigindo agilidade na regularização dos trabalhadores

Adequação

A secretária municipal de Política Urbana, Maria Caldas, explica que a adequação do espaço em Venda Nova depende da conclusão do processo de acomodação dos camelôs do hipercentro, que já está em fase final. 

A entrada dos trabalhadores de forma provisória para o shopping de Venda Nova, explica a secretária, aconteceu por uma iniciativa do próprio estabelecimento, que cedeu o espaço antecipadamente e sem ônus para o município. 

Segundo ela, os trabalhadores cadastrados na região deverão apresentar a documentação na primeira semana após o Carnaval. A expectativa é a de que ainda em fevereiro seja realizado o sorteio para que os ambulantes comecem a ocupar os boxes disponibilizados. “Há uma dificuldade natural de comunicação com essas pessoas. Elas não comparecem dentro do prazo estabelecido, o que acaba atrasando o processo”, afirma Maria Caldas.

A gerência do Shopping Uai foi procurada pela reportagem para comentar o assunto e repassou o contato de dois responsáveis. No entanto, ninguém foi localizado até o fechamento desta edição.

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