Polícia investiga tráfico internacional a partir de caso de bebê que seria 'doado' em Contagem

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
12/03/2018 às 12:40.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:49
 (Reprodução )

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga se há uma possível rede de tráfico internacional de crianças após uma suposta tentativa de venda de um bebê em Contagem, na Grande BH, na última semana. A denúncia de um acordo para a doação de um bebê entre uma mãe mineira e dois casais do Rio de Janeiro revelou aos policiais a existência de uma série de grupos em redes sociais, como Whatsapp e Facebook, em que pessoas estariam negociando abertamente valores para a venda de recém-nascidos. 

Segundo o delegado da PC de Contagem, Christiano Xavier, nas plataformas há, inclusive, pessoas de fora do país, como da Itália e dos Estados Unidos. "Nós trabalhamos com essa hipótese porque há conversas em que uma mulher, que é barriga de aluguel, pede R$ 30 mil. Em outra, uma mãe oferece a criança por R$ 10 mil", diz. 

Os suspeitos foram apresentados à imprensa nesta segunda-feira (12). O caso chegou até polícia quando uma jovem grávida, de 24 anos, natural da cidade de Coração de Jesus, no Norte de Minas Gerais, desistiu de doar o bebê após o nascimento da criança no Hospital Municipal de Contagem. Ela fez a denúncia à equipe de saúde e assistência social do centro médico. 

A jovem, que já tem um filho de quatro anos, ficou grávida novamente e sem apoio do pai da criança. Por ser uma gestação indesejada e com medo de julgamentos, como ela conta, se mudou para a capital há três meses para esconder o fato da família. Em seguida, a mãe entrou em grupos nas redes sociais para procurar alguém que quisesse ficar com o filho. 

Dessa maneira, ela conheceu a principal suspeita, uma carioca de 32 anos, que teria se disponibilizado a pegar a criança para adoção. Ao saber que a mãe estava em trabalho de parto, ela saiu do Rio de Janeiro e veio até Minas com o marido, de 62 anos, e um casal que, segundo a polícia, ficaria com o bebê, caso ele fosse um menino. A mulher, de 33, e o marido, de 39, teriam vindo no carro próprio, mas a viagem foi custeada pela interlocutora, segundo as investigações. 

O procedimento seria feito de forma ilegal: a interessada em assumir a criança rasgaria o papel da maternidade, diria que o bebê nasceu em casa e o registraria, em sequência, em um cartório em Contagem. 

A tentativa foi frustrada, porém, porque, ao ganhar o filho, a jovem desistiu de doá-lo. "Não estava pensando muito nisso, mas quando ele veio para mamar e eu comecei a imaginar como seria a vida da minha criança com pessoas que nem conheço, como seria o aniversário dele... e senti amor de mãe. Quando a vi no hospital [a suspeita], fiquei com medo e decidi voltar atrás", conta a mãe, que pagou fiança e foi solta. 

Os suspeitos alegaram à polícia que a tentativa de furar a fila da adoção foi o único crime que cometeram. Mas a Polícia Civil suspeita que o bebê, que seria doado pela mãe, pudesse ser vendido pelo grupo. 

"A princípio, nenhum dos casais têm o perfil de pessoas que adotam. Um deles têm cinco filhos, sendo três da mulher e dois do marido e outros três de cada. Todos com situação econômica muito difícil, por isso estamos investigando para verificar a possibilidade de uma organização criminosa de compra e venda de bebês", afirma o delegado Christiano Xavier.

Confira a troca de mensagens sobre venda de bebês em um grupo do WhatsApp: Reprodução / N/AReprodução / N/AReprodução / N/A

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