Em resposta às acusações de que possíveis indícios de manipulação de resultados não foram investigados corretamente, os órgãos gestores do tênis no mundo anunciaram que encomendaram a realização de uma auditoria independente do grupo anticorrupção do esporte, a Unidade de Integridade do Tênis. O objetivo desta investigação é a restauração da "confiança pública" no esporte, comentou Chris Kermode, diretor-geral e presidente da ATP.
A decisão de realizar a auditoria foi confirmada nesta quarta-feira (27), em entrevista coletiva em Melbourne, onde será sendo realizado o Aberto da Austrália. Participaram da entrevista, Kermode, o presidente da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), David Haggert, e o diretor de Wimbledon, Philip Brook.
Kermode reconheceu que as matérias publicadas pela imprensa continham "acusações muito graves", que "causaram danos a este esporte". "É por isso que agimos com tanta rapidez e tomamos decisões", explicou.
A avaliação será conduzida a partir de Londres. "Se ficássemos sem fazer nada, o esporte seria acusado mais uma vez de ser complacente", afirmou Kermode. "Queremos permanecer vigilantes. Acho que este é um passo decisivo. Temos de abordar de frente os temas da percepção e de confiança pública. Não temos nada a esconder".
A investigação será financiada pelo Conselho de Integridade do Tênis, que supervisiona a unidade anticorrupção criada em 2008 pelos dirigentes do tênis para combater a manipulação de resultados. À frente da auditoria estará Adam Smith, advogado que trabalha em Londres e é um especialista em questões esportivas.
Kermode enfatizou que o painel de avaliação terá prazos e orçamentos abertos, e seus resultados vão se tornar de conhecimento público. Ele acrescentou que órgãos gestores do tênis estão empenhados em seguir qualquer recomendação do painel. "A última coisa que alguém quer é uma outra organização esportiva investigando a si mesma", disse.
No início da semana passada, a BBC e o BuzzFeed News publicaram informações de que as autoridades esportivas têm ignorado amplas evidências de manipulação de resultados envolvendo 16 jogadores que estiveram no Top 50 ao longo da última década. Os meios de comunicação não revelaram o nome de qualquer jogador envolvido.
Autoridades de tênis imediatamente rejeitaram a afirmação de que haviam minimizado indícios de manipulação de resultados ou de que não investigaram exaustivamente os casos suspeitos.
A Unidade de Integridade do Tênis começou a funcionar em 2008, quando os principais grupos gestores do esportes - ATP, WTA, ITF e o Comitê de Grand Slam - adotaram um código de anticorrupção para garantir que as mesmas regras e penalizações sejam aplicadas.