Por benefício, réu da chacina de Unaí deve acusar "Rei do Feijão"

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
28/08/2013 às 07:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:23

Mais do que definir o futuro dos acusados pelas mortes de três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego, caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí, o julgamento dos apontados como executores pode respingar nos suspeitos de mando.

Um dos réus, o cerealista Hugo Alves Pimenta, convocado para ser ouvido no júri que começou ontem na Justiça Federal em BH, deve falar hoje sua versão, incriminando, inclusive, o fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como o “Rei do Feijão”.

Em contrapartida, a defesa de Pimenta deve negociar um benefício, em busca de uma delação premiada e da redução de pena – em caso de condenação. O advogado do cerealista, Lúcio Adolfo, reconhece a possibilidade de uma manobra nesse sentido, mas se limita a dizer que seu cliente vai “falar a verdade”.

“Ele não tem participação no crime e foi envolvido por conhecer os Mânica. A ligação surgiu a partir de um recibo encontrado em uma sala de sua empresa, que não prova nada. Ele foi muito prejudicado”, garante o defensor. O irmão de Norberto, Antério Mânica, é outro acusado de mandar matar os fiscais do trabalho.

Pimenta foi arrolado como testemunha de acusação. O júri dele está marcado para setembro. No julgamento que começou ontem, com duração prevista de três dias, sentaram no banco dos réus William Miranda, que confessou ter sido contratado para dirigir o carro que transportou os pistoleiros ao local do crime, Erinaldo Silva, que teria matado três das quatro vítimas, e Rogério Rios, apontado como o assassino do quarto trabalhador.

Nos autos do processo, há filmagens dos três assumindo terem sido contratados para a chacina.


Nomes

Os auditores fiscais Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram executados quando fiscalizavam produtores rurais no Noroeste de Minas. O grupo já havia recebido ameaças por causa das autuações contra os fazendeiros.

O Ministério Público Federal não descarta a possibilidade de usar elementos explorados neste primeiro julgamento para atestar a culpa dos futuros acusados a ir ao banco dos réus. “Provas e depoimentos apresentados aqui podem ser valiosos para o próximo”, diz a procuradora da República Miriam Moreira Lima.

Até as 20 horas da última terça-feira (27), testemunhas arroladas por defesa e acusação ainda eram ouvidas. Ao todo, 22 pessoas foram convocadas a comparecer ao tribunal para dar esclarecimentos.

Outros três acusados, além de Hugo Pimenta, vão a julgamento no dia 17 de setembro: Norberto Mânica, José Alberto de Carvalho e Humberto dos Santos. O único júri ainda não definido é o de Antério Mânica.

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