Rainha da sofrência

Um ano sem Marília Mendonça: o que se sabe até agora sobre o acidente que matou cantora?

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
05/11/2022 às 08:30.
Atualizado em 05/11/2022 às 08:49
 (Marília Mendonça/Divulgação)

(Marília Mendonça/Divulgação)

Há um ano, a tarde do dia 5 de novembro de 2021 era marcada pela notícia da queda de um avião em uma cachoeira na cidade de Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Em poucas horas, os bombeiros confirmavam a cantora Marília Mendonça, na época com 26 anos, como uma das vítimas do acidente que matou outras quatro pessoas. 

Naquela tarde, Marília viajava ao lado de seu produtor, Henrique Ribeiro, e seu tio, Abicieli Silveira Dias Filho, quando o avião se chocou contra torres de energia da Cemig ao se aproximar do Aeródromo de Caratinga, localizado na cidade onde ela faria um show.

Doze meses depois, as causas da tragédia que vitimou a rainha da sofrência ainda não foram totalmente esclarecidas.

Linhas de investigação

Nessa sexta feira (4), a Polícia Civil (PC) apontou falha humana como principal hipótese para a queda da aeronave. De acordo com o delegado Ivan Lopes, responsável pela investigação, um piloto experiente que estava no aeroporto e viu o acidente afirmou que o avião teria saído do "pouso padrão" realizado na cidade. 

Outro piloto que decolou de Viçosa e também pousaria em Caratinga afirmou ter ouvido via rádio o colega que pilotava o avião da cantora reportar que estava fazendo a manobra conhecida como "perna do vento 02".

"Nesse procedimento ele faz aproximação pelo Oeste, como indicado no local, voa a favor do vento e depois faz o pouso dentro de um a um minuto e meio, o que não ocorreu", detalhou o delegado. 

O agente disse que uma ação fora do usual teria feito com que a aeronave saísse da área de proteção do aerógrafo e se chocasse contra fiação de torres da Cemig, usadas como para-raio. 

Falha mecânica?

Apesar de a polícia considerar falha humana uma possibilidade, o inquérito só deve ser concluído após divulgação do relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), que investiga possível falha mecânica.

Segundo Ivan Lopes, uma das hipóteses analisadas pela instituição seria a possibilidade de ter ocorrido algum problema na aeronave, provocando a queda de altitude e, em seguida, o choque contra a rede elétrica.

"Porque o piloto voava tão baixo no local? O que nos falta hoje para concluir investigações é descartar o fator máquina, se a aeronave teve algum problema mecânico que causou o voo baixo", afirma Ivan.

Fator "meio"

Já o fator "meio", que considera condições climáticas seguras para o pouso e outros fatores de segurança do ambiente, foi uma das primeiras vertentes de investigação a ser descartada.

"O aeródromo de Caratinga só funciona por meio visual, não há meios digitais. Os pilotos são responsáveis por fazer aproximação e descida. Verificamos que no dia havia condições meteorológicas favoráveis ao voo visual. Descartamos problemas de obstrução visual para o piloto ver a torre de energia", afirmou o delegado.

Além disso, no Notam, documento usado em aeroportos para descrever obstáculos dentro da área de pouso, não constavam as torres de energia elétrica nas quais o avião se chocou.

"As torres não constam no Notam porque estavam a 4,6 mil metros da pista e, portanto, fora da área de proteção prevista. Elas também não possuem obrigatoriedade de sinalização, por terem entre 35 a 36 metros de altura do solo", detalhou.

Rainha da sofrência

Marília Mendonça era considerada um dos grandes nomes do sertanejo no Brasil e a precursora do "feminejo", que reafirma a posição de mulheres nesse estilo musical. Rainha da sofrência, com letras que retratavam histórias de amores não correspondidos e traições, Marília conquistou milhões de fãs que se identificavam com suas canções.

No auge da carreira, ela deixou um filho, na época com apenas um ano, e uma trajetória de sucesso na música. 

Nascida em Cristianópolis e criada em Goiânia, Marília compôs músicas para grandes nomes do sertanejo antes de ganhar o Brasil. Aos 12 anos, fez a sua primeira composição, “Minha Herança”, em parceria com a dupla João Neto & Frederico.

Depois vieram “Muito Gelo, Pouco Whisky”, conhecida na voz de Wesley Safadão e três músicas para a dupla Henrique & Juliano: “Até Você Voltar”, “Cuida Bem Dela” e “Flor e o Beija-Flor”.

Após o lançamento do DVD Realidade, em 2017, ela conquistou o Brasil com o hit  “Eu Sei de Cor”. O single consolidou o nome da cantora no mundo sertanejo e, a partir daí, o sucesso só alavancou.

* Com informações de Raíssa Oliveira

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por