Entenda

Uso da estrada que dá acesso ao Distrito de Bento recuperada por moradores pode acabar em confusão

Vanda Sampaio
vsampaio@hojeemdia.com
31/03/2022 às 08:32.
Atualizado em 31/03/2022 às 08:44
 (Associação dos Moradores Atingidos pelo rompimento da Barragem / divulgação)

(Associação dos Moradores Atingidos pelo rompimento da Barragem / divulgação)

O uso de uma estrada de terra que dá acesso ao que restou do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região Central do Estado, está tirando o sossego de antigos moradores, que frequentam parte da região que não foi destruída pela lama da barragem da Samarco.

Depois que a Fundação Renova se recusou a fazer reparos na estrada de acesso ao distrito, os moradores fizeram um mutirão e abriram uma nova passagem no último fim de semana. Agora que a obra está pronta, eles não querem permitir que veículos da Renova circulem pelo local. 

“É rir da nossa cara. Nosso sentimento é de revolta pela atitude da Renova com os atingidos pela barragem. A Fundação não foi capaz de arrumar a estrada, e, agora, esse acesso que foi aberto com o suor e pelos braços dos moradores com pás, enxadas e picaretas, os carros da Fundação Renova querem usar”, afirma Mônica dos Santos, integrante do movimento dos Atingidos pelo Rompimento da Barragem de Fundão. 

(Associação dos Moradores Atingidos pelo rompimento da Barragem / divulgação)

(Associação dos Moradores Atingidos pelo rompimento da Barragem / divulgação)

Os moradores contam que, desde 11 de janeiro, vêm pedindo ajuda à Fundação Renova para recuperar a estrada, sem sucesso. A fundação foi criada para reparar os danos do rompimento da barragem. 

Segundo a associação, o acesso de 24 km é importante para que os moradores possam ir ao distrito de Bento Rodrigues, visitar propriedades que não foram atingidas pelo mar de lama, tomar conta dos animais, participar de celebrações religiosas e ter acesso ao cemitério. 

A empresa alega que é responsável pela recuperação dos danos causados pelo rompimento da barragem e que o problema na estrada é consequência das chuvas.

Para evitar o confronto, a Fundação Renova, cujos veículos também usam a estrada, segundo os moradores, informou que mandou instalar placa no local, orientando seus prestadores de serviço diretos e indiretos a não usarem a via. 

(Associação dos moradores Atingidos pelo Rompimento da Barragem / Divulgação)

(Associação dos moradores Atingidos pelo Rompimento da Barragem / Divulgação)

A proibição do tráfego no local está sinalizada com uma placa informando que está “proibido o tráfego de veículos a serviço da Fundação Renova”. 

Sem acordo 

A Prefeitura de Mariana notificou a Fundação Renova para providenciar os reparos necessários na estrada. Diante da recusa, a empresa foi chamada para uma reunião com participação da associação dos moradores. 

Mas, o encontro na última terça-feira (29) acabou sem acordo diante da recusa da fundação em resolver o problema. 

A Prefeitura de Mariana discorda da  decisão da empresa e  informou que qualquer incidente ou acidente que ocorra na estrada, a fundação poderá ser responsabilizada por ser a mantenedora da condição de tráfego nas vias originárias dessas regiões e do seu entorno 

“Nosso sentimento é de revolta. Antes do rompimento da barragem a gente não dependia da Fundação Renova para nada. E, após o rompimento, ela foi criada para reparar os danos. Mas, o que acontece é que a fundação vem renovando o crime, a cada minuto e a cada segundo sem resolver nossos problemas”, desabafa Mônica. 

De acordo com o Movimento dos Atingidos pelo Rompimento da Barragem, a Fundação foi responsável pelo problema na estrada, porque não cuidou da manutenção preventiva. 

A Renova contesta e afirma que, durante o período de chuva, realizou os reparos nas vias utilizadas nas atividades reparatórias, que são de sua responsabilidade.

A reportagem do Hoje em Dia procurou a Polícia Militar de Mariana, mas não obteve retorno 

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