Faltando menos de dois meses para o Carnaval de Belo Horizonte, as escolas de samba da capital não receberam o subsídio para realizar o desfile na avenida Afonso Pena, região Central da cidade, que está previsto para 21 de fevereiro.

Em nota, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) afirmou que o regulamento para a concessão de auxílio financeiro às escolas de samba foi aprovado na última terça-feira (27) e será publicado somente em janeiro de 2023.

"Considerando a data de aprovação e os prazos legais de publicação do regulamento, a previsão é de que o valores sejam liberados aos grupos em cerca de 40 dias úteis", disse a Belotur.

Com a falta da verba, e a possibilidade de o Carnaval já ter passado quando o dinheiro sair, líderes de escolas de samba de BH se dizem "inseguros" e falam em "desacaso".

Para Ciça Ângelo, diretora da agremiação Raio de Sol, a liberação da verba sempre foi demorada, mas "neste ano a situação está ainda pior".

"Sem verba não tem Carnaval. Precisamos do dinheiro para absolutamente tudo, como fantasias, equipamentos para carros alegóricos e pagamento das costureiras. É fundamental valorizar quem trabalha para manter a festa viva", apontou a diretora.

De acordo com ela, além de ser um entretenimento, a Folia da capital também é importante pelo aspecto cultural.

"A festa faz parte da nossa história, do nosso povo. Quando acontece um atraso no repasse de verbas, como agora, a mensagem que recebemos é a de que o poder público não se importa conosco e nem com o povo", desabafou Ciça Ângelo.

Já a Belotur afirmou que "houve empenho em antecipar os diálogos e definições" e que "tal diálogo se tornou ainda mais complexo este ano, pois a Liga das Escolas de Samba de Belo Horizonte não representa mais grande parte das escolas de samba da cidade".

"No entanto, não mediremos esforços para, dentro da legalidade, disponibilizar o recurso no menor prazo possível. Os valores do auxílio poderão ser consultados após a publicação do edital", disse a Belotur.

Quem também lamentou a situação é Jéssica Stuart, diretora da Imperavi de Ouros. Ela afirmou que essa "não é a primeira vez que a Belotur atrasa as verbas".

"De toda forma, nossa intenção é desfilar em 2023. Já temos a letra do nosso samba- enredo e boa parte das fantasias já está pronta. No entanto, a verba ainda é fundamental para gastos maiores, como a parte dos carros alegóricos, por exemplo. Ainda não sabemos como vamos lidar com a situação caso o dinheiro não chegue a tempo", disse Jéssica.