Moda de “prender” o relacionamento com cadeados encontra adeptos em BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
14/06/2015 às 09:12.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:28
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

A retirada das 45 toneladas de “cadeados do amor” das laterais da Pont des Arts, em Paris, gerou protestos, mas não será por falta de grade que os apaixonados terão de abrir mão da tradição mundo afora. Pensando no bem geral dos amados, a reportagem do Hoje em Dia visitou lugares em BH nos quais segue aberto o convite para celebrar – e “segurar” – o nobre afeto a dois, mesmo que já tenham passado o Dia dos Namorados ou a data dedicada a Santo Antônio, “casamenteiro”.

Falar de cadeado que segura amor com um casal que tem 58 anos de enlace pode parecer piada. Mas Antônio Malta Vieira, 94 anos, e Margarida Rosa Vieira, 91, aceitaram o lúdico convite para selar, ainda mais, o afeto. “Amor??? Que beleza!”, diz, sorrindo, o aposentado, à mulher, que explicava a brincadeira. O ponto para trancar o cadeado são as grades de uma casa-chalé do início do século passado, na Rua Ceará – coisa mais romântica... Há alguns meses, o proprietário, o consultor Gilberto Ciro (ao lado) e a esposa, Claudia, passaram a colocar cadeados.

Uma pechincha

Convite aceito, hora de colocar a tradição em prática. E a coincidência: é possível comprar um cadeado a menos de 50 metros do endereço. Onde? Oui! oui! Na Casa França. Por R$ 11,30 pelo modelo mais simples, o amor estará seguro. Très bien!

“Vieira é uma concha e Margarida significa pérola”, explica Antônio. Portanto, a concha protege a pérola. Lindo! Além do nome da flor, “margarida” tem origem no latim: “margarita”, que pode ser traduzido para o português como “pérola”.

Os proprietários da casa da rua Ceará aprenderam o costume na “Fuente de los Candados”, em Montevidéu, no Uruguai, país onde moraram. Como na ponte francesa, lá, os casais enamorados ainda colocam cadeados com as iniciais de seus nomes. E Antônio ensina: “Dia dos Namorados é todo dia. Por isso, comemoramos todos os dias”. Eis o amor que liberta...

Mania europeia à mineira

Eles estiveram na França, no ano passado, passearam sobre a ponte do rio Sena, mas... “Não providenciamos o cadeado”, diz Carolina Magalhães. Para reparar a perda da oportunidade, na base da romântica brincadeira, ela firmou o amor ao lado do marido, Gustavo Magalhães, em plena BH.

Trata-se do restaurante Est! Est!! Est!!!, que fica na avenida Getúlio Vargas, a poucos quarteirões da casa-chalé da Rua Ceará, outro ponto onde o “ritual do amor eterno” pode ser exercido. Ali, a grade da escada que sobe para o segundo andar do restaurante de cucina italiana comporta cadeados e mais cadeados.

O casal de médicos estava a sós no restaurante, mas com troca de olhares confidentes e confiantes. Coisa que muitos outros casais já aboliram na caminhada a dois. Afinal, quem nunca viu um casal em um restaurante, cada um olhando para um lado, meio entediado porque o prato está demorando?

Casados há uma década e já com dois filhos, Carolina e Gustavo ainda conseguem resgatar momentos para o namoro. “Somos namorados. Mesmo depois de encararmos quatro semanas cuidando dos resfriados dos filhos”, diz Carolina.

O chef e um dos sócios do restaurante Simone Biondi lembra que a tradição dos “cadeados do amor” é comum em toda Europa. Por isso, ele e demais proprietários a trouxeram para o território ítalo-mineiro. Diz que os cadeados são vendidos na própria casa, por R$ 10.

E se a moda pegar?

Tanto no restaurante, aberto há dois anos e meio, quanto na casa-chalé, a mania dos cadeados do amor está no início. Mas, e se pegar, como em Paris? Tem o peso do metal acumulado. “Pode quebrar!”, diz, mas sem acreditar muito na possibilidade, o consultor Gilberto Ciro, que pretende abrir espaço cultural onde a mureta com cadeados será um dos atrativos.

Peças podem ser personalizadas ao gosto do ‘freguês’

Não basta um cadeado simples com um esparadrapo e o nome do casal. Para os mais caprichosos, ele precisa ser personalizado. Para satisfazer este preciosismo dos casais, há sites de empresas que se esmeram neste detalhe. Mas é tudo gringo.

Um deles é o engravedpadlocks.com, site de empresa inglesa que grava até a foto dos interessados no metal. Cores, frases, templates e tamanhos variados também estão à disposição. Para quem está em outras plagas, a comercialização é feita pelo eBay.

Outro site que vende os mimosos cadeados, inclusive em formato de coração, é o lovelocksonline.com. Gringo também.

Se fosse fácil assim...

Uma das origens atribuídas ao costume de colocar cadeados por aí vem do romance “Sou Louco por Você” (Editora Planeta, edição mais recente), do escritor italiano Frederico Moccia. Nele, um casal coloca um cadeado na Ponte Milvio, em Roma, e joga a chave no Rio Tibre para selar seu amor. Ah, se a perenidade da paixão fosse fácil assim...

Já as chaves dos cadeados do Est! Est!! Est!!!, que foram colocados no Dia dos Namorados do ano passado, ficaram com os casais. Ainda há poucos instalados no corrimão do restaurante, mas se pesar muito, o chef Simone Biondi vai adotar a solução que os franceses já tiveram: “A gente troca o corrimão”.

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