Nevasca "apocalíptica" causa engarrafamento e falta de pão em Kiev

Ania Tsoukanova - AFP
25/03/2013 às 19:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:15
 (SERGEI SUPINSKY)

(SERGEI SUPINSKY)

KIEV - Alguns passaram a noite presos em engarrafamentos, enquanto outros aproveitaram para esquiar na cidade depois que uma nevasca sem precedentes paralisou a vida em Kiev durante o fim de semana, provocando escassez de pão e suscitando apelos populares pela demissão de lideranças municipais.

As nevascas inéditas começaram sexta-feira durante o dia e prosseguiram, praticamente sem interrupção, até o domingo, levando o caos à cidade, onde vivem três milhões de habitantes.

Os moradores negligenciaram em massa as advertências da polícia rodoviária, que tinha pedido desde a sexta-feira para que as pessoas não usassem seus carros. Resultado: muitos ficaram presos à noite em engarrafamentos gigantescos, enquanto veículos limpa-neve eram itens raros.

Milhares de pessoas tiveram que passar a madrugada de sexta para sábado imobilizadas em seus carros, algo nunca visto em Kiev, uma capital habituada a problemas de tráfego.

"Ninguém se ocupa de nós. Eu não vi nenhum limpa-neve em toda a noite", contou em um fórum da internet Omsa, que ficou mais de 13 horas engarrafada antes de abandonar seu carro em uma estrada e caminhar vários quilômetros até a estação de metrô mais próxima. "Por volta das oito da noite, caí em prantos porque não conseguia mais (...) Tinha vontade de morrer", acrescentou.

No sábado, o centro de Kiev estava quase deserto: os poucos veículos transitavam por ruas cobertas de neve, em meio a alguns pedestres que caminhavam no meio da rua, pois a maioria das calçadas estava coberta de montanhas de neve.

 

Problemas de circulação também provocaram falta de pão e laticínios (Foto: Ministério da Defesa da Ucrânia/AFP)


As nevascas foram recorde em Kiev desde que tiveram início os registros meteorológicos em 1881, declarou nesta segunda-feira (25) o diretor dos serviços meteorológicos ucranianos, Mykola Koulbida. Mais de 60 centímetros de neve caíram durante o fim de semana.

Para enfrentar a situação, as autoridades decretaram estado de emergência na capital e apelaram ao exército, que enviou blindados para ajudar a limpar as ruas e liberar os veículos presos. A prefeitura também decretou feriado nesta segunda-feira (25) em Kiev.

O primeiro-ministro Mykola Azarov também foi vítima das intempéries enquanto fazia uma inspeção na cidade no domingo. Sua comitiva ficou presa em uma área coberta de neve ligando as margens do rio Dnipro, e precisou recuar, informou sua assessoria de imprensa.

Problemas de circulação também provocaram falta de pão e laticínios, que não puderam ser encontráveis em muitos supermercados de Kiev.

Até mesmo o funcionamento dos serviços fúnebres foi afetado, já que em um cemitério municipal que recebia 40% dos enterros acabou tendo que fechar, segundo um alto funcionário da prefeitura.

A gestão da crise, chamada de "Apocalipse" ou "Armagedon" pela mídia e os internautas, desencadeou uma avalanche de críticas, com a oposição pedindo a exoneração dos dirigentes municipais.

O chefe da administração municipal, Olexandre Popov, acabou apresentando suas desculpas esta segunda-feira em declarações ao site Korrespondent.net, pelos "inconvenientes" e reconheceu que sua administração cometeu "alguns equívocos".

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