MTHATHA - A família de Nelson Mandela continuava a discutir nesta segunda-feira (1º), por meio de seus advogados, a localização das sepulturas de três filhos do ex-presidente sul-africano, que permanece hospitalizado em estado crítico.
Em 2011, Mandla Mandela, o neto mais velho do Pai da Nação, transferiu os corpos de seu pai, tio e tia do cemitério de Qunu (sul), aldeia onde Nelson Mandela passou a sua infância, para o cemitério de Mvezo, cidade natal do avô a cerca 30 quilômetros de distância.
Dezesseis membros da família entraram na justiça contra Mandla. Segundo a imprensa local, eles exigem o retorno dos três caixões para Qunu, onde estão sepultados os pais de Nelson Mandela e onde o próprio ex-presidente deseja ser enterrado.
Segunda-feira, os advogados de ambos os lados se reuniram no tribunal de Mthatha para discussões privadas, mas não houve audiência com um juiz, observou um jornalista da AFP.
Uma audiência foi marcada para terça-feira às 11 horas, informou ao final da reunião Sandla Sigadla, que representa os 16 queixosos.
Nesta ocasião, Mandla Mandela "deverá apresentar os seus argumentos e então decidiremos que medidas deverão ser tomadas", acrescentou.
Mandla Mandela, que tem status de chefe tradicional em Mvezo, lamentou no domingo que a disputa familiar tenha sido levada à justiça, algo que, segundo ele, poderia "decepcionar profundamente (seu) avô e antepassados".
Ele também reiterou a sua intenção de "fazer tudo em seu alcance (...) para facilitar o desenvolvimento da aldeia de Mvezo", uma região pobre que, até o momento, pouco se aproveitou de sua relação com Mandela.
As sepulturas no centro da disputa são as de três dos quatro filhos que Nelson Mandela teve com sua primeira esposa - Evelyn Makaziwe, que morreu em 1948 aos nove meses, Thembekile, falecido em 1969 aos 24 anos em um acidente de trânsito (preso, Mandela não pôde comparecer ao funeral) e Magkatho, o pai de Mandla, vítimas de Aids em 2005, aos 55 anos.
Em uma reportagem gravada em 2003, Nelson Mandela, filmado no cemitério de Qunu, expressou o desejo de ser enterrado neste local. "Minha família está aqui e eu quero ser enterrado aqui, em casa", disse.
A disputa em torno das sepulturas atraiu as atenções depois da hospitalização do herói nacional da luta contra o apartheid, no dia 8 de junho. Perto de completar 95 anos, ele ainda está em Pretória, em "estado crítico, mas estável", segundo um comunicado divulgado nesta segunda-feira pela Presidência sul-africana.