Corte da Selic teve viés político, avalia consultor

Francisco Carlos de Assis
18/10/2012 às 10:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:20

A decisão pelo corte de 0,25 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom na semana passada foi tomada sob influências de caráter político. Essa é a leitura que faz o consultor e sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, da ata da 170ª reunião do Copom, divulgada na manhã desta quinta-feira pelo Banco Central. "A ata, para mim, revela uma clara conotação de viés político na decisão de corte da taxa básica de juros", diz o consultor.

De acordo com Daoud, torna-se, no mínimo, incoerente a maioria dos diretores do colegiado, ao ter votado pelo corte da Selic de 7,5% para 7,25% ao ano, justificar o voto alegando "(...) que restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade, em grande parte, decorrência das perspectivas de que o período de fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica (...)" e depois fraquejar no comunicado que se seguiu à reunião do Copom e na própria ata o encerramento do ciclo de corte.

Na outra ponta, a minoria que votou favorável à manutenção da taxa básica de juros em 7,50% ao ano alega, ao justificar o voto que "(...) a recuperação da atividade tende a ser sustentada pelos impulsos monetários, fiscais e creditícios já introduzidos na economia (...)". Além disso, continua a explicação dos que votaram pela manutenção: "Eventualmente, pressões de demanda e de custos poderão incidir sobre a inflação".

Para Daoud, o resumo de tudo isso mostra que há incoerência na decisão do Copom. A avaliação dele é que maioria dos membros do Copom não está alinhada com os discursos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a economia brasileira crescerá acima de 4% em 2013. "Por isso votaram pela redução da Selic", diz o economista. "Mas para quem não está com incerteza sobre a velocidade de crescimento da Selic no próximo ano, não deveria concordar com a interrupção do ciclo", protesta Daoud. A última reunião do Copom ocorreu na última quarta-feira (10) e reduziu a Selic pela 10ª vez consecutiva. O corte foi de 0,25 ponto com cinco votos pela redução e três pela manutenção.
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