(Arte)
A dança dos técnicos é uma marca tão forte no Campeonato Brasileiro de 2015, que ela deve seguir mesmo após o término da competição, no domingo que vem. E o Cruzeiro, um dos recordistas de troca no comando, pois já demitiu Marcelo Oliveira e Vanderlei Luxemburgo, pode viver agora o outro lado da moeda, pois corre o risco de perder Mano Menezes para o Shandong Luneng, da China.
Com a segunda melhor campanha do returno, inferior apenas à do campeão Corinthians, e com uma invencibilidade de 13 jogos, o Cruzeiro tinha 2016 encaminhado e a base disso era Mano Menezes.
Mas a saída de Cuca do clube chinês abriu uma vaga que os dirigentes do Shandong Luneng pretendem preencher justamente contratando o atual comandante cruzeirense.
E os valores são tentadores, mais de R$ 20 milhões por ano, livres de despesas. Mano Menezes vive as últimas horas entre o desafio de voltar a brilhar no Brasil, onde viveu momentos de baixa em 2013 e 2014, e a chance de fazer fortuna num futebol pouco competitivo e de baixa representatividade.
O empresário do treinador, Carlos Leite, já está em contato com a diretoria cruzeirense. A definição sobre o futuro de Mano Menezes deve acontecer até nesta terça (1º), pois há uma reunião programada com a diretoria cruzeirense.
Recorde
Por mais que ele esteja no banco azul no próximo domingo, diante do Internacional, no Beira-Rio, pela última rodada, se os milhões chineses o se duzirem, Mano será o 33º integrante da lista da dança dos técnicos. E o futebol brasileiro baterá o triste recorde de 2010, quando foram 32 as trocas de treinadores durante a principal competição nacional.
“O Mano tem um mercado muito grande, foi da Seleção Brasileira, trabalhou em grandes clubes. Não é nada anormal ele receber uma proposta, se isso for oficial mesmo. Tomara que ele fique aqui, que possa continuar esse trabalho, que está sendo maravilhoso”, comenta, receoso, o atacante Willian, que representa bem o desejo cruzeirense diante da ameaça de perda do seu técnico.
Demissões
Se Mano Menezes pode sair por uma proposta milionária, Marcelo Oliveira, que levou o Cruzeiro ao bicampeonato brasileiro em 2013 e 2014, pode ser demitido pelo Palmeiras caso seu time perca a decisão da Copa do Brasil para o Santos, nesta quarta (2).
O desgaste do treinador é enorme e sua permanência depende do título. As especulações são de que Cuca, pretendido também pelo Atlético, pode ser o seu substituto. Quem também corre risco é Argel Fucks, que não conseguiu fazer o Internacional ter um grande desempenho.
Luiz Felipe Scolari abriu a lista fechada por Levir Culpi e Oswaldo de Oliveira
Luiz Felipe Scolari foi o primeiro, Oswaldo de Oliveira o último. Mas a lista ainda não está fechada e poder ter novos nomes até domingo. O Campeonato Brasileiro, que chega ao fim no próximo domingo, já entrou para a história como uma das temporadas com o maior número de troca de treinadores. Trinta e dois técnicos já perderam o emprego. O número é exatamente o mesmo de 2010, que havia sido o ano com mais mudanças até agora.
Se por um lado, o troca-troca voltou a crescer, do outro, o sexto título do Corinthians comprova que apostar no trabalho a longo prazo ainda é uma das melhores maneiras para se alcançar o sucesso.
Basta uma olhada na lista dos últimos campeões nacionais. De 2010 para cá, Fluminense, de Muricy Ramalho, Corinthians, outra vez com Tite, Fluminense, de Abel Braga, e o Cruzeiro, duas vezes com Marcelo Oliveira, levantaram a taça depois de começarem e terminarem o Brasileiro com o mesmo comando.
De técnico queridinho da campanha que recolocou o Atlético de volta à elite do futebol nacional em 2006, Levir Culpi foi um dos últimos a ter a cabeça colocada a prêmio. Quatro dias depois de ser xingado de burro pela torcida no empate em 2 a 2 em casa com o Goiás, pela 36ª rodada, recebeu a notícia da diretoria que não estava nos planos para o ano que vem.
Seu substituto ainda não foi escolhido. Praticamente uma unanimidade entre os torcedores, Muricy Ramalho foi tentado pela diretoria, mas também é cobiçado por Internacional e Flamengo. Tudo indica que os cariocas levarão a melhor. “Fazem uma pressão absurda pela troca de técnico. Aí trocamos e o resultado não vem. Dizem que foi porque não houve continuidade. Batemos recorde ao contrário”, diz Muricy.