Famílias de pessoas sepultadas em Cataguases estão revoltadas com a suposta violação de túmulos e irregularidades na venda de jazigos que teriam causado um rombo de quase R$ 220 mil aos cofres públicos. Um servidor vai prestar depoimento hoje na Comissão Temporária de Assuntos Relevantes da Câmara Municipal, que tenta esclarecer as denúncias sobre o Cemitério São José.
“Convocamos o funcionário para explicar como funciona a dinâmica de comercialização dos túmulos. A partir daí, vamos continuar a investigar um crime que é praticado há anos em Cataguases”, diz o presidente do grupo, vereador Maurício Rufino.
As suspeitas vieram à tona após os pais da menina Anna Luz de Castro Baião denunciarem a violação da sepultura da criança. A garotinha morreu em outubro de 2009, aos 2 anos, após ingerir veneno em uma creche particular de Cataguases.
Segundo o advogado da família, Eduardo Barcelos, no último dia de Finados, os pais foram ao Cemitério São José e perceberam que o jazigo havia sido profanado.
“Agora eles enfrentam mais um sofrimento, porque não sabem se o corpo da filha permanece no túmulo ou se foi retirado. Por isso, ajuizamos uma ação cautelar exigindo a exumação do corpo”, diz o advogado.
Outro dono
De acordo com Eduardo Barcelos, a placa de identificação do jazigo também sumiu. No lugar, foi instalado o número de outro proprietário, que não faleceu.
A Polícia Civil não deu detalhes das investigações. No entanto, informou que pelo menos 50 sepulturas podem ter sido violadas.
Na prefeitura de Cataguases, o assunto é tratado com cautela. Mas o coordenador de fiscalização, Sidney Araújo, admite que houve desvio de valores pagos por famílias durante um ano e meio.
“Abrimos um processo administrativo e será feita uma sindicância para investigar como esse funcionário comissionado desviou R$ 214.384,61. De qualquer forma, ajuizamos uma ação cobrando o ressarcimento de todo o dinheiro”, diz o coordenador. O nome do servidor investigado não foi revelado.