Olimpíadas do Atari

22/08/2016 às 14:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:29
 (Reprodução)

(Reprodução)

A efervescência olímpica que tomou conta do Rio de Janeiro, do Brasil e do resto do mundo me fez lembrar da “Olimpíada no Atari”. Era como eu e meus amigos de infância denominávamos uma maratona de jogos de esporte naquele maravilhoso console que encheu de graça as infâncias dos anos 1980, junto com “Ploc Monster” e chocolate “Grand Prix”.

Os jogos “atarianos” seguiam fielmente as modalidades atléticas das olimpíadas reais, em que se disputavam “medalhas” nas seguintes modalidades: Tênis, boxe, futebol, basquete, kung-fu, hóquei e atletismo, combinado nas diferentes modalidades do clássico “Decathlon”. Provavelmente algum jogo ou outro tenha ficado de fora, mas eram basicamente estes.

As regras eram simples, cada um dos moleques escolhia um país, quem quisesse tinha liberdade de inventar uma nação nova. Em seguida, tiravasse, na “adedanha”, a ordem de cada participante das provas e chaves classificatórias. Até aí, já deu para notar que era tudo muito organizado. Num caderninho, eram anotados as conquistas de cada delegação. Entre os jogos mais aguardados"Tennis" e "Boxing" eram destaque. Ambos faziam integravam um cartucho com quatro jogos, que se não me falhe a memória ainda continham "Seaquest" e "Frostbite". Por uma questão de lógica, "Decathlon" era o último game da competição.

Eu vou explicar: O game de atletismo era um dos jogos mais legais do Atari 2600 e ao mesmo tempo o mais danoso. Com diversas modalidades e a possibilidade de vários jogadores competirem ao mesmo tempo, "Decathlon" era alegria garantida. O problema é que o game tinha uma sistema de comandos que literalmente exigia esforço físico do jogador.

Para deslocar o atleta era necessário movimentar a alavanca do joystick para os lados. E quanto mais rápido o jogador executasse os movimentos, maior era a velocidade ou impulsão do bonequinho. Ou seja, quem desse mais “sangue” logicamente teria o melhor resultado. No entanto, no afã de ser o melhor fundista do game, não era raro o joystick pagar se danificar.

Uma das soluções para minimizar o problema e evitar a formação de um ringue real entre a garotada, caso um desmanchasse o controle do outro, era simples: Cada um trazia de casa o seu joystick. E caso um se danificasse, o próprio dono morria no prejuízo. E naquela época, se o joystick quebrasse, não tinha internet ou seção de games nos supermercados. O jeito era fazer cara de “cachorro que peidou na igreja” e pedir o pai para tentar concertá-lo.

Na maioria das vezes, era possível fazer uma gambiarra e voltar a ação. Afinal, na geração do Atari, muita coisa funcionava na base da “gambite”, como a boa e velha soprada de cartucho, ou colocar um palito junto como o cartucho para firma-lo no conector, dentre muitas outras artimanhas que não existem mais.  E mesmo com o joystick detonado ainda dava para competir. Bastava desmontá-lo e remover a haste direcional e pressionar os pontos de contato com os dedos, deixando um indicativo para o botão de ação.

Depois das competições, a “cerimônia de encerramento” era bater uma bola na rua, fazendo as traves com os chinelos e torcendo para arrancar o tampo do dedão para não dar conta de ir na aula na manhã seguinte!

Leia mais sobre games no GameCoin

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por