O Diário Oficial do Município (DOM) foi extremamente discreto, ontem, ao publicar duas portarias assinadas pelo presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, no dia 2 de abril, reajustando as tarifas de ônibus suplementares e dos táxis-lotação na capital mineira, a partir do próximo domingo. E nem publicou a que reajusta as passagens dos ônibus convencionais. Numa das portarias, a de número 028, está escrito que “o Sistema de Transporte Público de Passageiros por Ônibus do Município é composto pelo Serviço de Transporte Suplementar e pelo Serviço de Transporte Convencional, e que as tarifas deste último foram reajustadas”. Presume-se que a portaria não foi publicada por um lapso. Tanto que, na manhã de ontem, a BHTrans informou à imprensa que as tarifas dos ônibus convencionais serão reajustados em 7,5% a partir deste domingo. Nas duas portarias publicadas, não se fala em percentuais, mas é possível calculá-los. No Transporte Suplementar, o Grupo II, por exemplo, teve o valor da passagem aumentado de R$ 2,15 para R$ 2,35. Ou seja, aumento de 9,3%. No Táxi-Lotação, subiu de R$ 2,90 para R$ 3,15. Alta de 8,62%. Ao omitir nas portarias os percentuais, que pelo menos num tipo de ônibus chega a 10%, a BHTrans provavelmente não queria despertar a reação dos usuários que têm feito manifestações, desde junho do ano passado, contra o alto custo das passagens de ônibus em Belo Horizonte. As manifestações foram tantas, que o prefeito Marcio Lacerda adiou o reajuste previsto para dezembro passado. É evidente o desconforto do prefeito com esse assunto. Na quarta-feira, ele se reuniu com a diretoria da BHTrans e, na saída, escondeu da imprensa o reajuste das tarifas, mas disse que a situação das empresas de ônibus é complicada. E põe complicada nisso. Por exemplo: as empresas concessionárias são obrigadas, por lei municipal, a apresentar periodicamente informação sobre a quantidade de passageiros transportados, de modo que a BHTrans possa ajustar a oferta de ônibus conforme a demanda. Em alguns casos, a informação não é prestada desde 2008, segundo auditoria contratada pela prefeitura, cujo relatório final ainda não foi publicado. Ao tomar conhecimento na manhã de ontem do reajuste das tarifas, o Movimento Tarifa Zero, que vem promovendo protestos em Belo Horizonte, começou a organizar nova manifestação na Praça 7, a partir das 17 h. Como de outras vezes, era esperado grande engarrafamento no trânsito da região central da cidade, na hora do rush. Algo que nem São José de Anchieta, canonizado ontem pelo papa Francisco, poderia evitar, mostrando, afinal, ser o santo brasileiro das causas impossíveis. Seria um milagre e tanto para quem chegou à santidade sem que a Igreja pudesse comprovar, em cinco séculos, qualquer ato milagroso de sua parte.