A mentira salvadora

12/05/2017 às 14:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:32

Aristoteles Atheniense*

Quem assistiu e ouviu o interrogatório de Lula terá concluído que, desta vez, o ex-presidente superou-se na vileza. Tantas foram as evasivas adotadas para safar-se da condenação iminente, que o antigo “sapo barbudo” não respeitou sequer a memória da falecida esposa, jogando sobre ela a versão da compra do tríplex nas respostas dadas ao sóbrio juiz Sérgio Moro.
O padre Antônio Vieira, em um dos seus sermões, advertiu: “Como o motivo de crer é a verdade, e como o motivo de negar é a mentira; por isso creem a mentira, só por que é mentira e negam a verdade só por que é verdade”.

Nada mais adequado ao comportamento do depoente inseguro.

Ainda que o réu não seja obrigado a depor contra si mesmo, é inconcebível que possa exceder em sua lorota envolvendo pessoa que não terá mais condição de rebatê-lo, valendo-se do estratagema de imputação a uma falecida por aquilo que houvesse feito.

A prevalecer o que ficou em suas palavras, restou a impressão de que o casal não se comunicava, pois Lula nada sabia sobre a visita da esposa ao tríplex, ignorando as reformas que esta prescrevera à empresa construtora.

Foi-lhe mais cômodo atribuir à primeira-dama a iniciativa de comprar o apartamento, o que fez à sua revelia como “investimento”, tomando essa iniciativa sem sequer contar com o assentimento do marido.

A sua vocação em falsear os fatos não se resumiu somente à compra do imóvel, mas ao esforço despendido no sentido de desfazer a versão do Ministério Público e da Polícia Federal de que a unidade imobiliária não passava de uma propina recebida da construtora, que obtivera benesses na administração lulista.

Neste tortuoso rumo, alegou ignorar o que se passava na Petrobras, inobstante as relações mantidas com os empreiteiros que sugaram a seiva da empresa estatal. Indagado a respeito, limitou-se a afirmar: “Quem monta cartel para roubar não conta para ninguém”.

Por igual, recusou-se a admitir a informação passada por Renato Duque, apadrinhado do PT, de que teria ordenado a destruição de provas relativas à existência de contas secretas no exterior, abastecidas com recursos do “petrolão”.

O interrogatório de Lula foi feito como se todos os brasileiros fossem ingênuos e que a claque arregimentada pelos sindicatos pudesse fazer do preto o branco e do quadrado o redondo.

(*) Advogado e conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG

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