Eterno mercado persa

04/04/2018 às 21:18.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:10

 A novela da invasão de ambulantes nos centros das grandes cidades é recorrente e torna-se mais evidente nos períodos de crise econômica, quando milhares de desempregados buscam a sobrevivência no comércio informal. A venda de mercadoria nas ruas é uma das saídas. O fato pode ser comprovado no hipercentro de Belo Horizonte, atualmente invadido por camelôs que têm de tudo: frutas, óculos, chinelos, roupas íntimas... Um verdadeiro mercado persa. 

A história é sempre a mesma. Atrás dos balcões das lojas, comerciantes se revoltam em ver os camelôs lucrarem, nas calçadas, ao venderem produtos mais baratos, devido aos custos reduzidos para manter o negócio. Não pagam aluguéis nem impostos nem têm funcionários. Do lado de fora, fiscais da prefeitura e agentes de segurança pública multam e tentam repreender. Sempre há confrontos, como ocorreu há oito meses em Belo Horizonte. O tempo passa e lá estão os ambulantes novamente nas ruas. Alegam serem injustiçados ao serem proibidos de trabalhar, “pois não estão roubando”.


Em Belo Horizonte, onde há cerca de 30 anos era bem mais intensa a presença de camelôs no hipercentro, foram construídos shoppings populares para atender essa parcela de pessoas que busca a sobrevivência na informalidade das calçadas.

No entanto, grande parte ambulantes resiste em vender produtos nesses centros de compras, alegando queda no faturamento. As calçadas, com gente transitando toda hora, seria mais atraente. 

Um problema difícil de ser solucionado pelas administrações municipais, pois envolve a questão social das pessoas desempregadas em busca da sobrevivência; a desordem urbana, uma vez que as ruas ficam sujas e as barracas atrapalham o tráfego de pedestres; e a concorrência desleal com os comerciantes.

Se o problema se repete, seria urgente que as administrações municipais se antecipassem e criassem políticas públicas para evitar que as barracas fossem armadas nas ruas. As medidas passariam pela criação de espaços populares que garantissem melhor faturamento para os ambulantes, ações de assistência social para os desempregados e campanhas sistemáticas estimulando os consumidores a comprar produtos no comércio formal. É grande o número de mercadorias pirateadas e contrabandeadas vendidas pelos camelôs. Se a concorrência é desleal com os comerciantes, é também com as indústrias que vivem na legalidade.
 

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