Combater a escalada de roubos de cargas é um dos desafios da segurança pública no Brasil. Doze anos depois da criação da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, que prevê uma série de estratégias para minar a ação dos criminosos, a iniciativa mostra-se ineficaz para combater este tipo de crime organizado. A insegurança continua a grassar em nossas rodovias, ceifando vidas de caminhoneiros e causando prejuízos de milhões para as empresas de transporte.
O Brasil, como mostram as pesquisas, integra hoje a lista dos países com maior número desse tipo de crime. E Minas Gerais, Estado que detém a maior malha rodoviária do país, é terceiro em número de ataques. Pelo menos dois assaltos a transportadoras são registrados diariamente. Em 2017, a polícia registrou 604 roubos de carga e 366 furtos.
Uma força-tarefa foi lançada ontem na tentativa de frear este crime em solo mineiro. O trabalho envolve a Secretaria de Estado da Fazenda, a federação que representa as empresas de transportes e as polícias Militar, Civil e Rodoviária. A ação já passava da hora de ser colocada em prática e a expectativa é a de que os resultados venham a curto prazo para garantir o direito de os trabalhadores circularem com segurança pelas rodovias. A rotina desses brasileiros tem sido árdua, uma vez que, além de enfrentar estradas em estado precário, com riscos de acidentes, vivem o risco diário de serem atacados pelos ladrões, que costumam ferir e matar para levar as cargas.
O prejuízo é grande também para as empresas transportadoras e o Estado. Depois de tomados pelos bandidos, os produtos são vendidos, sem nota fiscal, para estabelecimentos comerciais receptadores. Trata-se de crime que envolve várias cadeias produtivas, exigindo uma ação conjunta. O combate em Minas prevê o patrulhamento intensificado, realização de palestras de conscientização sobre medidas de proteção, além do deslocamento de agentes para identificar os receptadores das cargas. Mas nessa tarefa a sociedade também pode colaborar. Como? Não compre produtos de origem não identificada. Em caso de suspeita de prática ilegal, denuncie! Esse é um mercado que se mantém pela existência de consumidor.