Jovens, de 15 a 29 anos, homens e negros. Esse é o perfil das principais vítimas de homicídios no Brasil e também em Minas Gerais, de 2006 a 2016, segundo o Atlas da Violência elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro da Segurança Pública. Divulgado ontem, o Atlas mostra que, apenas em 2016 – ano em que, pela primeira vez, o país ultrapassou a marca de 60 mil assassinatos no período –, a taxa nacional de homicídios de jovens pretos ou pardos foi de 40,2 para cada 100 mil habitantes, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em 16 por 100 mil habitantes. É 30 vezes maior que a da Europa.
Em Minas Gerais, a situação não é tão diferente: o número de assassinatos nesse mesmo perfil foi de 28 para cada 100 mil habitantes, nada menos que o dobro da registrada para jovens brancos (14 para cada 100 mil habitantes). No que diz respeito à região Sudeste, o Estado também não ocupa posição confortável quando contabilizados todos os assassinatos: ao longo dos dez anos do estudo, Minas teve aumento de 2,7% na quantidade total de assassinatos. Nos demais estados, houve redução: em São Paulo, de 46,7%, no Rio de Janeiro, de 23,4%, e, no Espírito Santos, de 37,2%.
Minas Gerais ainda apresenta outro dado desfavorável: desde 2011, o número de mortes provocadas teve elevação de 11%. Os indicadores são inequívocos, tanto para o país quanto para o Estado, ao provar a necessidade urgente do desenvolvimento e da prática de políticas públicas de prevenção e repressão a crimes dessa natureza.
É necessário que os governantes, sejam da esfera municipal, estadual ou federal, intensifiquem o mais rápido possível ações que busquem integrar e inserir socialmente os jovens, sobretudo negros e moradores da periferia –e aqueles que, muitas vezes, já adentraram o mundo do crime.
Nesse esforço, incluem-se programas que possam garantir renda e melhores perspectivas de vida para esse público, com a oferta de educação de qualidade e cursos profissionalizantes. Trata-se, enfim, de um amplo projeto de transformação social que demanda investimentos em gente, com salários condizentes com suas funções, equipamentos, saúde, lazer e criação de empregos.