A influência da mãe nas escolhas afetivas

10/05/2017 às 18:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:30

O útero materno, também conhecido como “paraíso perdido”, é um lugar onde nos sentimos totalmente acolhidos. Recebemos alimento, aconchego, temperatura agradável, permanecemos em total harmonia, paz e tranquilidade. Na vida intrauterina nos sentimos completos e plenos. A fusão mãe e filho é a total completude (mãe e filho numa só pessoa). Contudo, ao nascer um caos se instala, fica para trás metade de nós – tanto para mãe quanto para o filho. 

Após o nascimento do filho, as mães são acometidas por um vazio tão grande que deprimem após o parto. Já os filhos sentem frio, fome, dores, além da perda do aconchego. 

A ruptura do nascimento é muito traumática e isso fica estampado na cara dos bebês – nenhum nasce rindo, ao contrário, todos nascem chorando. É interessante observar a expressão facial de quem nasce e de quem morre. Os que morrem expressam serenidade, enquanto os que nascem expressam desespero. Por aí, podemos imaginar o tamanho do trauma em sair do útero. 

Já nascido, o filho torna-se totalmente dependente da mãe. E a mãe, por mais que se esforce, não conseguirá ser suficiente para o filho, uma vez que a busca dele é pelo paraíso perdido. A partir dessa busca inatingível, nasce a “sensação de incompletude” presente em todos nós em maior ou em menor grau. Muitos denominam a isso “vazio existencial”. 

A infância e a adolescência não nos cura desse trauma. Ao contrário, à medida que o tempo passa, a dependência emocional do filho em relação à mãe só aumenta. A forma que a mãe irá lidar com esse vínculo é que determina a formação psíquica da criança. Mães muito críticas, por exemplo, podem formar filhos submissos, com auto estima baixa. Mães egoístas podem estimular a insegurança, e assim por diante. 

Este vínculo da infância reflete mais tarde na vida adulta, afinal é com a mãe que vivemos nossa primeira experiência afetiva. Uma experiência impactante que influencia diretamente na escolha do par amoroso. 

À luz dessa premissa fica compreensível alguns vínculos doentios. A crença do inconsciente é: “se nem minha mãe se importou comigo, quem irá se importar?”. Deriva daí a submissão, o medo do abandono, a sensação de inadequação, a subserviência, a doação ilimitada de afeto, o medo da rejeição, etc. 

Por outro lado, uma mãe considerada “suficientemente boa” – aquela que está atenta às necessidades do filho, comprometida com a maternidade, dando ou transmitindo a sensação de acolhimento, proteção, segurança e alegria, tende a criar filhos mais independentes, auto confiantes, com boa inteligência intrapessoal e facilidade de se relacionar sem medo da rejeição. Geralmente fazem boas escolhas afetivas, tanto pela sua autovalorização quanto pela sua saúde emocional. 

Não há como negar que tanta troca entre mãe e filho (desde o útero) não esteja diretamente ligada à formação psíquica do adulto. Não tem como ser diferente. 

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