As costelas, de Adão e Stallone a Robinho

31/01/2017 às 12:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:38

DIVULGAÇÃO / N/A

 Não sei como é o treinamento dos colombianos, mas deve ser parecido com o dos jogadores de voleibol, trabalhando impulsão e braços. Só assim para entender as razões para, em tão pouco tempo, dois jogadores da Seleção se machucarem exatamente no mesmo lugar, numa entrada pelas costas que acaba de pôr no estaleiro o nosso Robinho, assim como aconteceu com Neymar em 2014, durante a Copa do Mundo – lesão que determinou a ausência do craque no fatídico 7 a 1 para a Alemanha.

A coincidência é tanta que não só vitimou dois ídolos ex-santistas como também os colombianos mostraram precisão cirúrgica ao acertar justamente a L3, a terceira vértebra lombar. Poderia ser qualquer outra das cinco lombares, sem falar das sete cervicais, doze torácicas, cinco sacrais e as quatro coccígeas. Mas como já vimos, a L3 é a mais visada porque tira o sofredor da falta imediatamente de campo, geralmente sem cartãozinho para quem a praticou.

Na Colômbia, os jogadores devem ter aulas de anatomia ou visto “Fuga para Vitória” (1981), um dos melhores filmes de futebol já feitos. Nele, Pelé interpreta um prisioneiro da Segunda Guerra que está no time titular dos Aliados, em jogo contra os soldados alemães. Ele era o craque da equipe formada, entre outros, por Bobby Moore, Ardiles e Sylvester Stallone, no papel de goleiro – dizem as más línguas que, ao chegar na Hungria para as filmagens, o astro mal sabia o que era futebol.

Stallone treinou com o mítico Gordon Banks, mas não dava muita bola às instruções do goleiro inglês até quebrar uma costela ao se jogar imprudentemente ao chão. Ficou de molho antes de voltar ao set, mas acabou fraturando outra costela. Na hora do jogo, porém, quem sofreu uma lesão exatamente na região lombar foi Pelé. Quando marcou aquele famoso gol de bicicleta, feito de verdade e num único take, o jogador estava com as costelas quebradas.

Na ficção, é bom deixar claro. Começou como titular e saiu machucado, ainda no primeiro tempo, após uma jogada violenta dos comandados do Fuhrer. Como os Aliados estavam perdendo, voltou a campo na segunda etapa para fazer o gol salvador. Evidentemente  que seu personagem tinha razões de sobra para dar sangue naquele instante. Em condições normais, a dor de uma lesão nas costas é tanta que o melhor é ficar vendo o jogo do banco e aguardar semanas para se recuperar.

Não quero implicar com os colombianos, mas o cenário da partida é o Stade de Colombes (hoje conhecido como Yves-du-Manoir, em homenagem a um jogador de rúgbi), que recebeu os Jogos Olímpicos de 1924. Colombes tem uma sonoridade muito próxima com a palavra Colômbia. É o nome de uma cidade colada em Paris, que, por sua vez, foi batizada assim provavelmente devido a “coloumbe”, que significa coluna em francês antigo. O que nos leva novamente à costela de Robinho.

Costelas estão na moda. Não falo propriamente da ação de quebrá-las, mas da costela-de-Adão, uma planta oriunda do México que minha mãe sempre adorou ter em casa. Os especialistas dizem que é uma tendência em decoração agora, por sua fácil adaptação a todos os tipos de ambientes, sobrevivendo a pouca luz e água e a temperaturas diferentes. Do time das plantas “duras na queda”, é comestível, um prato propício ao Atlético, que vive uma quebradeira só desde 2016.

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